Literatura para Crianças e Jovens - Parte II
A
literatura é uma construção poética bastante elaborada. Imita o real, mas o
individualiza na ânima de seus personagens. Tipifica, e nessa tipificação
introduz o belo, às vezes o exagero, às vezes o terror, mas certamente introduz
uma singular interpretação da realidade. A literatura nasce no bojo da
Renascença, mas é a partir da imprensa de Gutenberg que se ampliou não só as
possibilidades de divulgação da arte escrita como também a possibilidade de um
maior número de leitores.
Pode-se dizer que a obra literária rompe com
as expectativas de seu leitor e existe para isso. Ou seja, que a criação
artística é uma mensagem que se orienta necessariamente para seu recebedor,
completando nesse sentido o processo fundamental da comunicação. Melhor
dizendo, a mensagem se particulariza no momento em que provoca um
“estranhamento”; portanto, precisa ser uma mensagem “original”, uma “criação”,
no amplo sentido do termo, o que lhe assegura um caráter renovador.
É a
partir dessa ruptura com o estabelecido, tanto a nível formal quanto de
conteúdo, que a literatura enquanto arte, enquanto poética, pode provocar sua
fissura ideológica em termos de visão da realidade e, por consequência, pode se
constituir em objeto de conhecimento, ampliando e renovando o horizonte
de percepção do leitor. É nesse momento que a arte se afirma como uma
construção a-histórica, que apesar de estar no bojo de um social, está para
além dele e pode dele falar.
Em constante simbiose com o social,
que também se transforma, a arte, e particularmente a literatura, que é o que
nos interessa aqui, se relaciona com o real de maneira ativa. Portanto, a
criação literária só pode introduzir a “norma” (FOUCAULT, 1965, p.13)(2) - no seu interior para desmascarar,
denunciando, pelo simples fato de existir como obra de arte, todo tipo de
dominação social. É assim que o texto se converte em investigação do real,
questionando-o, sem abdicar de sua natureza literária.
A
literatura para crianças e jovens pretende alcançar esse mesmo patamar. E
consegue em alguns momentos, graças a alguns poucos escritores que revelam o
mesmo pulso firme dos grandes literatos. No entanto, a grande maioria dos que
escrevem para crianças e adolescentes deixa muito a desejar. É importante que o
escritor de literatura voltado para esse tipo de público se inteire das
condições que são necessárias para se escrever uma obra de arte. Relegada ao
plano de uma literatura “menor”, na literatura infantil, o “estranhamento” - a
que nos referimos antes - tem sido
perseguido através de uma visão simplificada a respeito de arte e criação. Essa
visão traz em seu cerne a concepção vulgar de que a fantasia e o lúdico, por si
só, são mais do que suficientes para se fazer uma obra rica em elementos de
criação e consequentemente, de arte. A poética, no seu sentido mais pleno, fica
aí então comprometida com um lúdico de gabinete, que através de uma fórmula
adequada imprime nos leitores uma atitude de “estranheza” controlada. Ao
contrário do pretendido, o lúdico na literatura infanto-juvenil tem ocupado um
lugar seguro, destinado ao “escape”, quando as contradições do mundo real não
podem emergir, formando uma espécie de invólucro protetor das mentes
“imaturas”. É nesse sentido que a fantasia tem sido trabalhada pela literatura
infanto-juvenil, indistintamente, inclusive por aqueles autores consagrados até
mesmo pela crítica especializada, e que já tiveram oportunidade de confirmar a
sua arte através dos prêmios conquistados na área.
Após
pesquisar cerca de 80 títulos de livros destinados a crianças e adolescentes, alguns
pontos nevrálgicos se repetem com alguma constância. Por exemplo, a maior parte
das narrativas onde há um conflito há também uma antecipação da solução, na
qual o autor, prevendo os momentos que poderão provocar em seu leitor qualquer
efeito incômodo, utiliza o recurso da imaginação voltada para o “escape”. Há,
por exemplo, nos Bestiários – livros cujos personagens são animais – o objetivo
claro de camuflar muitas vezes os verdadeiros sentimentos dos personagens, caso
eles fossem apresentados como seres humanos. Já os textos mais ousados, que
abordam temas atuais com seres humanos reais, introduzem o “escape” através do
lúdico ou através da exceção. Na exceção, temas de real importância são esvaziados
por soluções miraculosas, inapropriadas ao contexto e que servem para imprimir
na alma do leitor o “alívio” – ou a “catarse”. Deixam de representar o geral para
particularizar situações baseadas em exceções.
Já o “escape” para o lúdico está presente em quase toda a extensão da
literatura voltada para a criança. Esse tipo de literatura tem sido aplaudida
pelos especialistas, e a sua qualidade é medida pela maior ou menor capacidade
imaginativa do autor em criar situações lúdicas. Em todos esses casos, a tipificação
fica comprometida e a literatura enquanto representação literária, deixa de
existir.
Seja de que classe social for, o leitor de
literatura infanto-juvenil será invariavelmente conduzido a ler e a pensar de
acordo com a classe dominante. Será reservado para ele um universo próprio
dentro de um construto permitido. Ou seja, também esse lúdico será aquele que
preenche os estados da alma de uma criança específica. Por isso, será destinado
a este leitor uma única interpretação da realidade e também uma única forma de
compreensão. Por outro lado, a maior parte dos teóricos da literatura rejeitam
a “catarse”, acrescentando que o discurso crítico é a maneira ideal do autor
viver as contradições, compreender as situações, sem aprisionar-se nelas. A
“catarse”, em geral é utilizada em best-sellers, livros de grande tiragem, cujo
objetivo principal é distrair o leitor. No entanto, a “mimesis” (identificação)
e a consequente “catarse” são uma constante na literatura para crianças.
Portanto, a literatura infanto-juvenil não é decididamente uma literatura da “consciência
crítica”, nem mesmo da “estranheza”, da “surpresa”, da “poética”, pois a maior parte das perguntas formuladas –
filosoficamente ou poeticamente - tem uma resposta pronta e acabada, expressão,
em geral, da “verdade” de cada autor.
Os contos atuais se já não são tão fantásticos como os
contos de fadas, conservam os mesmos atributos míticos e inquestionáveis dos
contos de fadas. O cenário foi mudado, os animais selvagens foram substituídos por outro tipo de
ameaça como os carros, mas no nível da narrativa, no nível de uma
visão crítica da realidade, os livros atuais, em sua maioria, realistas ou
fantásticos, preservam o mundo da criança e do jovem dos questionamentos e das
contradições próprias da nossa sociedade. Portanto, na maior parte dos contos
de fadas, mas também dos livros com temas atuais, o símbolo do sonho permanece
em seu sentido latente, conduzindo a criança a um estado de sonolência lúdica,
bem próxima da alienação. Em princípio, pode-se afirmar que somente numa forma
muito geral a criança relaciona suas experiências reais com a literatura que
lhe é oferecida. Nesse sentido, os livros infanto-juvenis, em sua maioria,
servem para camuflar as verdadeiras relações de dominação e poder em nossa
sociedade moderna. Com o intuito de divertir o leitor, de formar o hábito de
leitura, as mais diferentes licenciosidades têm sido permitidas pelos pais, especialistas em literatura infantil e juvenil,
professores, ou seja, os “legítimos” defensores do universo infantil.
Portanto, se o ensino não introduz o pensamento
filosófico, se a literatura voltada para as crianças e jovens fica à margem de
uma poética realmente emancipatória, o que resta, senão o hábito?
Como criar o hábito de leitura?
Há uma tese sobre educação de
meninos, de um autor do século XIX, e
que Jurandir Freire Costa cita em seu livro: “Desde a primeira infância
devem os pais disciplinar com todo o esmero o espírito de seus filhos, quando
sua alma ainda está dócil e se presta a todas as sortes de impressões – é nesta
idade que convém reprimir e domar suas inclinações.”(COSTA, 1979, p. 87)
(3)
As
más inclinações, prevenidas pela introdução dos bons hábitos, dispensam o uso
de castigos recorrentes e os agentes externos. Seus efeitos são duradouros,
praticamente invisíveis. Implanta-se gradualmente na “alma dócil”, no corpo
“tenro e flexível”, sem deixar marcas perceptíveis. É o que chamamos de criação
de um hábito.
Sabemos
criar um hábito, o difícil é se livrar dele. Podemos perfeitamente criar o
hábito de leitura, já que conseguimos criar com perfeição o hábito de ver
televisão, o hábito de escovar os dentes, de tomar banho, de usar roupas, etc.
- e são tantos os hábitos que criamos. Produto de hábitos, um indivíduo não
sabe nem quando, como, nem porque começou a sentir e a reagir da maneira que
sentia ou reagia. Tudo em seu comportamento deve parecer à sua consciência como
normal.
Assim
é a educação. Aprender a falar, a andar, a responder, a ouvir, a perceber são
formas de assimilar conforme a “lei das coisas e a lei dos homens”. Um belo
dia, a nossa personalidade aparece estruturada, sedimentada, desenvolvida – e
algumas vezes, deformada - e sequer nos
damos conta que tudo isso foi um aprendizado que poderia ter sido de outra
ordem. Mas, apartados da arte, ficamos com o prosaico de uma construção pobre. Como dissemos anteriormente, é fácil criar um hábito. O difícil é introduzir na nossa vida aquilo que não é hábito. Aquilo que descobrimos, às vezes tarde, e que é o que realmente conta - o poético da nossa existência. O
poético é relegado, dele não se fala, ele não se aprende, já que os nossos
professores – pai, mãe, escola – não aprenderam também. O poético é o sentir a
vida, é dar um destino ao nosso caminho, é estar filosoficamente cercado pelo
surpreendente, que é a própria vida. O nosso destino é aquilo que chamamos de
aprimoramento da alma, é a nossa construção interna, a nossa realização como
seres criativos que somos.
Sabe-se
que a fantasia não pode ser restringida a uma questão puramente etária. Ela é
privilégio de toda a humanidade, sem distinção de cor, credo, classe social ou
idade. No momento em que determinamos qual o tipo de fantasia se adequa melhor
a uma determinada faixa etária, a poética fica comprometida, assim como o olhar
de seu criador. Mas a que fantasia nos referimos quando falamos de criança?
Como vimos, anteriormente, dependendo do ambiente em que cada um cresceu, a
realidade pode tomar contornos diferentes. E a fantasia vai se processar de
forma autônoma.
Para entender melhor o que aconteceu com a
literatura infanto-juvenil, vamos nos deter rapidamente na obra de Monteiro
Lobato. É só com ele que se inaugura a chamada literatura infanto-juvenil no
Brasil. Com a publicação da “Menina do Narizinho Arrebitado”, em 1921,
esta sua obra foi um salto qualitativo se comparada aos autores que o
precederam. Uma linguagem mais coloquial e criativa, antecipatória mesmo do
movimento modernista, sobressaía ao lado de uma visão mais progressista,
considerada na época como vanguarda do pensamento nacional. Assuntos como
guerra, política, ciência, petróleo eram temas considerados até então
inapropriados ao universo infantil, mas que Lobato faz com que sejam discutidos
no interior das tramas.
Defendido
e glorificado pela maior parte dos educadores modernos, Monteiro Lobato teve
sua obra aceita e divulgada, inicialmente pelos mais progressistas e
posteriormente pelos ufanistas das causas nacionais. Se
de um lado temos um Brasil agrário, rural, conformado às velhas técnicas, às
antigas leis que regulamentam a terra, um país recentemente libertado dos
grilhões da escravatura, de outro temos uma classe média emergente, que povoa
já os centros urbanos, uma classe operária tímida, mas consciente já de sua
nova posição no cenário nacional. É esta classe emergente que Monteiro Lobato
adota. São as suas verdades que ele defende. Por isso, Pedrinho e Emília são a
encarnação do homem produtivo, ousado, necessário ao desenvolvimento
industrial, ao crescimento econômico e à afirmação da pujança nacional. Tia
Anastácia é a representante desse mundo rural, ao lado de Dona Benta. Tia
Anastácia é a expressão da ignorância nesta nova ordem, mas é também a
expressão de uma sabedoria popular que pode ser absorvida, num clima de
convivência pacífica.
Em
Monteiro Lobato:
“houve a
incorporação de certas ideias, que provém evidentemente de sua profunda
admiração pelo modo norte-americano de vida, conforme escreve Gabriel Cohn em “Um
Ianque no Vale do Paraíba” (Versus, SP, 1977) sem que ele as tenha conseguido
traduzir em personagens e ações. Por isso, as narrativas têm um conteúdo
doutrinário, o que perturba indubitavelmente o efeito emancipador que a
caracterização inconformista de seus heróis desejaria alcançar. E tal
dificuldade advém da natureza do gênero a que o autor dedicou grande parte de
sua existência e o melhor de sua criatividade: é que, para alcançar o efeito formador e pedagógico, o escritor
não pode sofisticar sua mensagem, discutindo suas nuances e consequências, nem
tornar mais complexas as personagens e ambivalências, fazendo-os viver crises
existenciais, perturbações ou mudanças. Por isso, o programa político de
Monteiro Lobato liquida o mundo de seus heróis, sem que estes, que encarnam
aquela, possa dar conta do fato, aprová-lo ou contestá-lo. Neste sentido, as
personagens acabam por incorporar a própria condição do leitor infantil, a da
aceitação e passividade.” ZILBERMAN
(1979), p. 19 (4)
A
maior parte dos escritores de literatura infanto-juvenil no Brasil seguiram os
mesmos passos de Lobato. Representantes também dessa mesma classe social,
defenderão – mesmo que com uma aparência de vanguarda – as mesmas questões com
a embalagem da nossa atualidade. De qualquer maneira, seja na família, na
escola, e na maior parte da literatura
voltada para crianças, não temos o componente principal emancipatório da grande
arte. Como diz Cohn, estamos limitados pelo “efeito formador e pedagógico”. Estamos
impossibilitados de escrever como Balzac, que mesmo sendo um monarquista
conservador, teve a capacidade de criar
personagens típicos, envolvidos com a ascensão da burguesia, mas sem qualquer aprisionamento
ideológico. Balzac, apesar de seus interesses de classe, e talvez por isso
mesmo, cria criticamente, mostrando poeticamente aquilo que é, sem concessões
de qualquer tipo. Portanto, entre o prosaico e o poético há um enorme caminho a
ser percorrido, extrapolando mesmo o lúdico do universo infantil. Precisamos,
como escritores, professores, pais, pedagogos, psicólogos rever os nossos
conceitos sobre a educação e a arte destinada às crianças. Precisamos
introduzir no nosso currículo o pensamento crítico, filosófico e poético,
oferecendo às crianças e aos adolescentes um universo baseado na beleza e na
consciência desse belo, na fruição estética e na criação de espaços em que a
nossa cultura possa ser revigorada, mesmo que diferenciada pelos muitos
segmentos sociais que diversificam a nossa arte.
Precisamos
daquilo que nos torna ávidos de mais poesia, essa forma de falar sem dizer, de
escutar sem ouvir, de imaginar sem fazer. O poético cria o hábito de leitura, e
não o contrário. Precisamos sair do prosaico das novelas do cotidiano e cair no
poético da nossa própria existência. Cair no poético é a expressão correta, porque
o poético funciona como uma armadilha. Acontece de repente e aí é que está a
grande descoberta. Quando se lê um livro, por exemplo, de repente podemos encontrar
dentro dele a poesia e nos tornarmos leitores. Estamos vivendo a nossa vidinha,
e num belo dia, algo diferente acontece dentro da gente. Como diz Vinícius em
um dos seus poemas: “O Operário em Construção”. Nele, um operário - que
empilhava tijolos e construía casas – não sabia por que um tijolo valia mais
que um pão.
“Mas
ele desconhecia
Esse
fato extraordinário:
Que
o operário faz a coisa
E
a coisa faz o operário.
De
forma que, certo dia
À
mesa, ao cortar o pão
O
operário foi tomado
De
uma súbita emoção
Ao
constatar assombrado
Que
tudo naquela mesa
-
Garrafa, prato, facão –
Era
ele quem fazia
Ele,
um humilde operário,
Um
operário em construção.
Olhou
em torno: gamela
Banco,
enxerga, caldeirão
Vidro,
parede, janela
Casa,
cidade, nação!
(...)
Um
mundo novo nascia
De
que sequer suspeitava.
O
operário emocionado
Olhou
sua própria mão
Sua
rude mão de operário
De
operário em construção
E
olhando bem para ela
Teve
um segundo a impressão
De
que não havia no mundo
Coisa
que fosse mais bela.
Foi
dentro da compreensão
Desse
instante solitário
Que,
tal sua construção
Cresceu
também o operário.
Cresceu
em alto e profundo
Em
lardo e no coração
E
como tudo que cresce
Ele
não cresceu em vão
Pois
além do que sabia
-
Exercer a profissão –
O
operário adquiriu
Uma
nova dimensão:
A dimensão da poesia.” (LYRA,Pedro,1983, p.128) (5)
E esta talvez seja a nossa melhor
possibilidade - um vírus benéfico que se alastra sem se importar com as classes
sociais, com a faixa etária, com nada do que é politicamente correto. Essa
mesma poesia que faz a nossa existência ter mais sentido, ter mais
consistência. E quando falamos poesia, nos referimos à poética no seu sentido
mais amplo, esse estado de espírito enlevado que soprou na alma dos mais
diferentes artistas – nas artes plásticas, na literatura, na dança, na música,
na medicina, na tecnologia, no pedreiro, na vida.
Como
podemos introduzir então o poético nas nossas vidas, na vida dos meninos de
rua, dos traficantes, da polícia? Na vida dos pais e professores, na vida dos
passantes, dos caminhantes, dos educadores, psicólogos e pedagogos? Na vida dos
cientistas, dos pesquisadores, dos que estão ávidos de ganância, corrompidos pelo
trabalhado alienado, pela selvageria dos grandes centros urbanos, pela necessidade
obscura do ganha-pão?
Essa é,
para todos nós, a grande questão. E a resposta está na própria literatura
infanto-juvenil – já que ela se propõe a ser o primeiro contato do pequeno ser
com a arte - e na qualidade poética de suas páginas. Assim como deveria estar
nas salas de aula, nas casas, nas ruas, na televisão, nos cinemas, nos teatros,
no local de trabalho, em qualquer lugar onde houvesse pensamento e a sensação
de que somos exemplares únicos e criadores singulares da nossa própria existência. O
pensar, o estar, o caminhar filosófico e poético foi a base de algumas
civilizações, inclusive a ocidental. Está na hora, portanto, de extrair da
nossa própria história o que sabemos, mas que esquecemos quando priorizamos o
imediatismo dos bens materiais.
Nesse
caso, a literatura infanto-juvenil tem em si um compromisso dobrado. Além de
procurar ser uma grande arte, deverá introduzir nas escolas, nas casas, nos
corações dos pequenos e dos jovens o olhar do “estranhamento”, o “olhar poético”.
Deverá abandonar o lúdico prosaico para oferecer obras de conteúdo realmente original.
Por
isso, hábitos são dispensáveis. A não ser que o pensamento filosófico e o olhar
poético sejam hábitos que possam ser adquiridos. Mas se conseguirmos introduzir
nas crianças e adolescentes a descoberta desse olhar que nos torna mais vivos e
comprometidos com o fato de estarmos aqui nesse planeta por um tempo tão
mínimo, aí sim estaremos equipando esta nova geração do instrumento necessário
para a formação de novos leitores. Estaremos equipando cada um deles com o
único sentido da arte – a poética como algo revolucionário.
NOTAS
(1)
COSTA, Jurandir .
Ordem médica e norma familiar.
(2)
FOUCAULT,
Michel. História social da criança
e da família
(3)
COSTA, Jurandir .
Ordem médica e norma familiar
(4)
ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola.
(5) LYRA,Pedro. Vinícius de moraes -
poesia
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