tag:blogger.com,1999:blog-11960611519429273272024-03-19T00:42:07.076-03:00Eliane GanemHistórias, crônicas, artigos, cinema, Tv, arte, e muito mais...Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.comBlogger21125tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-72191602488701440732015-11-19T10:46:00.001-02:002015-11-19T10:46:26.872-02:00Encontro com Eliane Ganem sobre Literatura Infantil e Juvenil<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/Gwfy4nFydQQ" width="480"></iframe>Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-65165538528984336602013-12-14T17:44:00.002-02:002020-07-29T12:21:46.862-03:00A Arte da Resistência - artigo
<br />
<div align="center" class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14pt; line-height: 150%;">A
Arte da Resistência<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><o:p> </o:p></span></b></div>
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"> Profa. Dra. </span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Eliane Ganem</span></b><br />
<br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Este texto foi originariamente
apresentado no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“I Simpósio de Arte e
Cultura da Diversidade: Poéticas do Cotidiano”</i>, organizado pelo Programa de
Pós-Graduação em <st1:personname w:st="on">Ciência da Arte</st1:personname> da UFF.<o:p></o:p></b></div>
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Para não me estender
demasiadamente em conceitos que não podem ser entendidos rapidamente, quero
apenas enfatizar aqui que qualquer investigação sobre arte e ciência supõe uma
reflexão fundamental sobre a existência e que pode ser expressa na pergunta - <i>“Quem
sou eu?”.</i> Como um corpo social, estamos voltados basicamente para essa
pergunta fundamental também no sentido da nossa experiência cultural, ou seja,
como conjunto coeso de interações, de necessidades comuns, de ideologia, de
crenças, que fazem com que permaneçamos ligados por vínculos sólidos e
princípios éticos inquestionáveis. A maior parte dessas ideias que nos tornam
coesos faz parte da comunicação que é passada de consciência para consciência,
formando um ego social forte e necessário à nossa sobrevivência. </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Comungamos mais ou
menos as mesmas ideias estabelecendo normas, regras, leis e desenvolvendo uma
ciência e uma tecnologia, assim como uma arte que confirme as nossas atitudes e
crenças. Um exemplo disso foi a arte do século 20. Esta arte se forjou
vinculada aos ideais científicos das ciências sociais, que teve como expressão
máxima as novas teorias que transformaram o século 20 num laboratório prático para
que a arte e a ciência caminhassem de mãos dadas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As ideias revolucionárias marxistas, que
identificamos como o centro do pensamento das ciências sociais do século 20,
caminharam passo a passo com uma arte que chamamos de revolucionária, uma arte
da resistência, uma arte engajada e promissora e que ventilava a busca de novos
ares para a humanidade e, individualmente, para nós mesmos.</div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A expressão “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">resistência”</i> foi cunhada por esta nova forma de compreensão do
mundo. Borramos tudo de uma única cor – o vermelho – e definimos para nós uma
posição única de estar no mundo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pelo
menos no mundo Ocidental, a arte passa a se constituir como arte de resistência
ao sistema, de resistência ao capitalismo, de resistência à exploração dos
países mais adiantados, de resistência popular à arte de elite, à arte burguesa,
enfim a arte resistindo à própria arte muitas vezes e criando barreiras que se
tangenciavam, mas que dificilmente se imbricavam umas nas outras.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O olhar do século 21 nos permite fazer uma
reflexão sobre o nosso conceito atual de arte e como precisamos nos desfazer
desse “olhar” comprometido com as ciências sociais do século marxista que
acabamos de deixar para trás. Inauguramos talvez uma nova percepção de mundo,
uma nova ética, uma nova experiência mística do ser em busca de si mesmo,
abandonando não a ciência, mas a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">resistência</i>
que nos impomos diante de ideais europeus, que<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>importamos. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">No Brasil, não temos uma arte de museus, a
não ser em um <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sentido muito pontual – ou
seja, aqui e ali, temos um Portinari, um Di Cavalcanti, uma Malfatti, uma
Tarsila, e alguns outros poucos, mas não temos movimentos expressivos que
tenham criado um acervo abundante e de qualidade realmente reconhecida não só
por nós, mas também pela crítica internacional. Desde 1920, com a nossa famosa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Semana de Arte Moderna</i>, que não tivemos
movimentos que pudéssemos chamar de expressivos para a nossa arte, fossem eles
quais fossem. Mesmo que alguns “especialistas” apontem para o construtivismo, o
concretismo e o neoconcretismo - da década de 50 - não temos de verdade, hoje
em dia, um desdobramento proeminente desses movimentos ondulatórios nas artes
plásticas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Por isso, é de extrema
estranheza quando grupos sociais utilizam expressões - arte de elite, arte de
museus <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- em contrapartida com a arte
popular que criamos no meio das ruas – ou no aconchego de espaços pobres e
comunitários - deste nosso vasto e extenso território nacional. Muitas culturas
convivem e se harmonizam umas nas outras na diversidade que nos acostumamos a
presenciar no nosso país. Chamamos de popular essa arte como se houvesse a
contrapartida de uma outra <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>– a de elite
– e que estaria confinada em museus e cujos artistas seriam aqueles realmente
reconhecidos e cujas obras – seletas – colocariam a chamada arte popular em
desnível social, como arte não reconhecida, e por isso mesmo uma arte da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">resistência.</i> <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Na verdade, no nosso país só temos esta
arte que chamamos de popular. Inexiste no Brasil atual uma elite intelectual
forte. Até a década de 70, procurando otimistamente estender para a de 80,
tínhamos uma arte em alguns centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo,
que podíamos chamar de erudita até, mas de uma “elite” que – ironicamente - tratava
de temas populares, denunciando a exclusão social, do ponto de vista da ótica
marxista. Hoje, se há uma elite intelectual erudita, apenas temos dela ainda
conservados algumas pálidas espécies confinadas nas universidades, em alguns
órgãos de pesquisa, em alguns setores tímidos que ainda teimam em preservar o
patrimônio histórico, artístico e cultural de um Brasil que importava da Europa
um imaginário que não era seu. E esse tem sido o nosso ponto de
estrangulamento. Uma elite intelectual não deve vir atrelada apenas a uma forma
de pensamento, pois com esse tipo de atitude acaba por pagar o preço do seu
próprio aniquilamento, resultado do passar dos anos, do esgotamento de sua
única crença. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Na verdade, até o século passado importamos
da Europa a nossa arte. No teatro, por exemplo, Brecht mudou toda a concepção
teatral, a dramaturgia, a forma de interação público-plateia, criando um teatro
novo e revolucionário. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">teatro da
consciência</i> revelou que a arte tinha um papel de transformação social que
extrapolava o conceito de fruição estética da arte burguesa. No Brasil, tivemos
textos de Oswald de Andrade – com o seu famoso <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rei da Vela</i> – eclodindo num teatro de vanguarda associado a uma
luta de classes, contra a elite burguesa e a ditadura militar, que estranhamente,
ao invés de proteger a burguesia - como seria de se esperar - na verdade
perseguiu os seus filhos, torturando-os e, muitas vezes, eliminando-os ao longo
de mais de duas décadas. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Enfim, herdamos literalmente as ideias
revolucionárias da juventude europeia – da revolução russa até as duas grandes
guerras mundiais – recebendo em nosso território um grande contingente de
intelectuais jovens, que fugiram de seus países. Atores, diretores de teatro,
que por aqui aportaram, trouxeram não só as ideias revolucionárias marxistas,
mas também trouxeram a si mesmos, sua visão de mundo, sua resistência, seus
ideais. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Esse movimento se fez expressivo também na nossa música – as composições
de Chico Buarque eram inteligíveis apenas para os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">iniciados</i> que comungavam os ideais marxistas. Expressivo também na
literatura, nas artes plásticas, enfim em todos os setores, já que a grande
maioria dos artistas passou a utilizar a arte como o lugar da denúncia social,
da resistência e do despertar coletivo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Hoje em dia nos acostumamos a olhar o
mundo ainda por esta ótica manchada da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">resistência</i>.
Ainda estamos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">resistindo</i>, querendo
que a arte popular seja reconhecida, protegida, valorizada e mistificada. Não
nos perguntamos ainda do que se trata exatamente esse reconhecimento e por quem,
e que arte é esta. Não nos preocupamos exatamente com a nossa arte e a
qualidade artística dessa arte – já que essa conceituação é burguesa – mas com
o que os artistas estão fazendo para tornar sua arte popular e assimilável
pelas camadas mais carentes da população. E se esses artistas, ao se voltarem <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>para as comunidades carentes, realizam algum <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“trabalho de base”</i> que possa contribuir
com a melhoria do nível intelectual do povo. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mesmo correndo o risco de expor um
pensamento contrário ao que foi defendido no século passado, gostaria de deixar
a minha contribuição no sentido de levantar uma questão que acredito primordial
para o nosso entendimento sobre a arte popular. Na minha opinião, não existe hoje
outra arte em nosso país que não seja a chamada arte popular. A velha dicotomia
entre a arte burguesa e a arte popular, que levamos mais de um século cunhando,
se mostrou estéril pelo menos na nossa realidade brasileira. Toda a nossa arte,
da menos à mais expressiva, nasceu e se desenvolveu como arte popular. Como já
disse anteriormente, mais do que felizmente, infelizmente não temos aquilo que
se pode chamar de uma arte burguesa expressiva, uma arte de museu, uma arte
erudita ou uma arte de elite. Digo infelizmente, porque a nossa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">resistência</i> talvez nos tenha tornado menos
ricos em nossa diversidade cultural e artística, moldando os olhos através do preconceito rude de um proletariado imaginário. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Por outro lado, esse fato nos liberta, e é
exatamente isso que quero chamar a atenção aqui. É que não precisamos do
reconhecimento do outro para que a arte popular se firme. A arte do outro
também é popular, e ele também depende do nosso olhar para confirmar a sua
importância cultural. A arte das ruas, das comunidades – carentes ou não - criadas
dentro da necessidade de expressão da nossa constituição como povo, da nossa
busca por uma identidade cultural diversificada, é a nossa única arte. Cheia de
influências, de miscigenação de muitas culturas, muitas vezes desdentada e
inapropriada. Muitas vezes expressa com palavras erradas, com erros de
concordância, pintada com tinta de má qualidade, borrada, excessivamente diluída.
Repleta de danças com um formato indígena, negro, caboclo, cheia de folguedos e
intromissões, de cores e de um imaginário retirado dos muitos mitos que
carregamos das nações que nos constituíram. Não há a quê <i style="mso-bidi-font-style: normal;">resistir</i>, não há o que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">reconhecer</i>.
Estamos todos já apropriados pela nossa brasilidade que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">reconhece</i> o congado, o jongo, o maracatu, a capoeira, o
bumba-meu-boi, as inúmeras cantorias e rezas das benzedeiras, os repentes, o
cordel, a nossa irreverente facilidade de criar novas possibilidades baseadas
em antigas tradições. O samba, as rodas de umbanda, as giras, os pontos
cantados, a alegria e a tristeza que nos inspiram. Até mesmo no imaginário
poético da nossa relação com o divino. Mesmo nas igrejas importadas – com
santos que são, na sua maior parte, europeus. Ou então, com a importação e a
apropriação das ideias de Lutero, Calvino, também europeus, e que </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">seccionaram as igrejas para nos fazer pensar – hoje em dia
– que cabe também na nossa diversidade esse jeito rigoroso dos ternos mofados e
das saias pregueadas e compridas das mulheres beatas.</span><span style="color: #993300; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Enfim, chamo a atenção para o fato de que
no século passado importamos o nosso saber, a nossa imaginação, a nossa
compreensão, a nossa política, a ética, a moral, a relação dos homens sisudos
dos países frios, as roupas, as divindades, a literatura, a poesia, a pintura,
os clássicos, os filmes, o teatro, a dança, o inconformismo dos povos europeus
e chamamos tudo isso de nosso por um bom tempo.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>E esperamos que esse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nosso</i>,
como cobra criada, deite o seu olhar superior e reconheça o outro lado, aquele
que passamos o mesmo longo tempo escondendo, quem sabe para podermos depois
inventar aquilo que chamamos de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">resistência,
</i>criando assim o nosso próprio inimigo, lutando contra moinhos de vento que
jamais existiram.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Esquecemos
que chamamos de nosso também os orixás, o carnaval, as escolas de samba, os
gingados mulatos e toda uma cultura negra importada. E que não a qualificamos
como erudita, já que permaneceu confinada nas senzalas. Mas que em outros
países pode ser borrada com a capa sofisticada daquilo que é importado,
exótico, diferente. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Enfim, a nossa arte é esta diversidade, presente
</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">no batuques das ruas, nos
quintais das casas, nas tiras de papel repletas de poesia e penduradas nas
cordas, no barro espremido entre nossas mãos caboclas – em esculturas torcidas
como os filetes de alma que povoam os sertões.</span><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">E este meu depoimento tem a marca de uma artista que se
sente um pouco um animal <st1:personname productid="em extin ̄o. N ̄o" w:st="on">em
extinção. Não</st1:personname> faço parte desse popular, porque eu sou esse
popular. Não levo a minha experiência para as comunidades carentes porque os
meus livros penetram nas casas, sem discriminação. Este é o meu trabalho, como
escritora. É sozinha, no silêncio da minha alma que se expõe ao mundo, que
construo a minha identidade, o meu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">quem
eu sou?</i> É assim o caminho dos artistas, dos poetas, dos pintores, dos
cantores, dos jongueiros, dos repentistas, dos capoeiristas, dos escultores,
dos atores. Esta é a nossa conversa com Deus. Não porque o social precisa de
nós, mas porque é na busca incessante do nosso próprio eu que nos revelamos ao
outro e entregamos a ele o que temos de melhor. E então o social se revela como
um coletivo de múltiplas expressões. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Na verdade, dançamos porque dançamos. Cantamos porque
cantamos. Escrevemos porque escrevemos. Enfim, vivemos, mesmo que não haja
motivo. E não há nenhum social capaz de explicar isso. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O que quero deixar claro aqui é que não precisamos mais nos
apegar aos nossos inimigos, aos burgueses, ao capitalismo, ao estrangeiro, ao
internacional. Não precisamos mais viver a divisão que criamos no seio mesmo de
uma arte popular, seccionando-a de acordo com modelos inventados pelas ideias
revolucionárias das ciências sociais do século passado. Afinal, já que não
temos mesmo uma arte burguesa, podemos relaxar na nossa obscura missão de
julgar a arte. Não precisamos mais gerar o ódio, a luta de classes, a
resistência, o medo, a discórdia, as guerras exageradas, as dissidências, a
corrupção de nossas almas envenenadas, a mídia do espetáculo, os sem teto, os
sem vontade, os derrotados, os descamisados, os boias-frias. Não precisamos
mais passar nenhuma demão de tinta em nossa paz de espírito, nem precisamos
mais ser revolucionários, frios, duros e calculistas. E nem mesmo precisamos
aprender uma forma de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“não perder a
ternura jamais”.</i> <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Não precisamos mais criar nem mesmo novos
inimigos. Os que temos nos bastam. Precisamos agora reconhecer que não
precisamos mais de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">reconhecimento</i>.
Que a nossa arte é única e toda ela popular. Que a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">resistência </i>está fadada ao esquecimento. Estamos todos solidários no
mesmo projeto que é enxergar a nossa brasilidade, não pelo viés do olhar
estrangeiro, mas pelo viés da nossa diversidade, da nossa afirmação enquanto
cientistas, artistas, espiritualistas e nação ávida por novos anseios, novas
bases e um novo entendimento de si mesma.</span><span style="color: maroon; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Estamos recriando a possibilidade de
aproximar a arte e a ciência, agora não mais no interior de uma concepção
marxista, como foi a aliança entre a arte e a ciência no século passado. Mas agora
uma aliança que requer autonomia artística, ou seja, a possibilidade da arte
estabelecer seu próprio estatuto, mas ao mesmo tempo se colocando como alicerce
de uma nova ciência, que pressupõe novos paradigmas para construção de um novo
olhar científico. A arte e a ciência hoje – aliviadas da carga do passado - caminham
de mãos dadas no projeto único de investigação da nossa brasilidade, do “quem
somos nós, realmente”. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E esse é um
projeto capaz de nos revelar a nossa verdadeira face, de recriar a nossa atual
identidade e de estabelecer para nós mesmos os nossos próximos desafios.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman","serif"; letter-spacing: 0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A arte, aliada às novas possibilidades de
uma ciência que se argui a si mesma, atribuindo a si mesma uma nova
consciência, será talvez o ponto de transformação necessário para a inclusão
social de todos. Talvez a menina dos olhos do século 21 seja esse florescimento
da consciência, e da possibilidade que temos de perceber que condicionamos a
nossa forma de existir e de nos inserirmos no mundo ao roteiro que nós mesmos podemos
construir para as nossas experiências artísticas, científicas, filosóficas e
místicas. Na verdade, o que nos acontece não é fruto apenas das oportunidades
deste planeta, mas das oportunidades que a nossa consciência busca, nesse afã
que temos de estabelecer uma comunicação interior espiritualmente rica, e que é
nomeada por nós como arte e ciência. Mas que também cria para nós a nossa
própria prisão, caso não tenhamos a clareza de que se tratam de conceitos, ou
como diz Foucault, tão apropriadamente, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“de
palavras e coisas”</i> ligadas por similitudes e analogias que nós mesmos
criamos.<o:p></o:p></span></div>
Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-33687674016613242832013-12-09T16:37:00.001-02:002020-07-29T12:23:00.705-03:00A Saúde do Ser - artigo e palestra apresentada em evento internacional no Johrey Center<br />
<div class="MsoTitle" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<strong><span style="font-family: Arial; font-size: large;">A Saúde do Ser</span></strong></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> Eliane Ganem</o:p></span></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial;">Este trabalho
é parte de um outro maior, cuja proposta fundamental é a de inaugurar um novo
campo de investigação dentro da Teoria da Comunicação, não mais em seu aspecto
social, mas agora voltado para a comunicação interna que o ser estabelece
consigo mesmo. </span></div>
<br />
<div class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial;">Quando se
fala em Saúde do Ser, precisamos estabelecer alguns critérios para avaliarmos
algo tão subjetivo. O saúde não é algo que se passa apenas no corpo físico. O
que pensamos, como funcionamos mentalmente, como atuamos no dia-a-dia com os
nossos sentimentos, como superamos problemas, avaliamos nossos atos, absorvemos
as dificuldades nos relacionamentos, no trabalho, nas atitudes dos outros, na
vida, são fatores poderosos para definirmos se alguém tem mais ou menos saúde.
Portanto, a saúde do ser envolve algo que nem percebemos, mas que significa a
amplitude do nosso universo interior, em geral abordada exaustivamente por grupos
espiritualistas.</span></div>
<br />
<div class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial;">Ter contato
com o nosso universo interior pressupõe um aprofundamento na nossa forma de
pensar, na nossa forma de atuar, de sentir, de viver. Por isso, a Comunicação
Transpessoal já nasceu equipada de fundamento “espiritual”, porque investiga
aquilo que tem sido relegado ao plano do invisível e, por isso mesmo, de
difícil acesso para a ciência. No entanto, foi a partir do desenvolvimento da
Psicologia Transpessoal que a Comunicação pode expandir seus critérios
científicos para a mente humana. </span></div>
<br />
<div class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial;">Na
Comunicação Transpessoal não nos preocupamos mais em qualificar ou identificar
os processos que envolvem a comunicação entre um ser e outro, entre máquinas ou
até mesmo entre seres e máquinas, mas nos atemos exclusivamente na Comunicação
que estabelecemos internamente. Essa comunicação silenciosa, mas incessante,
que a nossa mente executa ininterruptamente com os muitos seres que habitam o
nosso plano mental.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial;">É importante salientar que, ao contrário da
Psicologia, a Comunicação Transpessoal não está interessada em associar as
diferentes respostas do ser ao plano das patologias. Apenas identificamos que <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>aquilo que o ser comunica a si mesmo são
formas de contato, que ele é obrigado a desenvolver, e que tem origem na sua
necessidade de ordenar o mundo elaborando respostas para as suas experiências
ao longo dos anos. Essas respostas, ou seja, o corpo de atitudes, pensamentos e
diálogos internos, vão formar finalmente um sistema coeso e coerente que
chamamos de ego.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Portanto, ao se investigar
a Comunicação Interna do Ser com ele mesmo, estamos na verdade investigando
dois tipos de comunicação – a do ego e a do eu – e as diferenciações entre cada
uma delas. Nesse sentido, um trabalho que inclui a consciência no próprio corpo
da investigação, precisa levar em conta a consciência do investigador no
processo. Por isso, usou-se como instrumental de trabalho e de pesquisa, alguns
elementos emprestados da Física Quântica -basicamente o conceito de processo e
energia – e também alguns sistemas elaborados pelos filósofos orientais – e que
nos remeteram para aquilo que chamamos de experiência mística. E, finalmente,
nos voltamos novamente para o Ocidente, fazendo a ponte necessária entre o
pensamento oriental e o pensamento ocidental, através dos mais importantes
pensadores do Ocidente – buscando compreender o ser, mesmo que do “canto do olho”,
como sugere Sartre em seu livro<em> “A Transcendência do Ego ”.</em> <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;">
<span style="color: windowtext; letter-spacing: 0pt;"><span style="font-family: Arial;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tendo sido compreendido no Ocidente
como algo menor, algo que não dava conta da realidade objetiva estudada pela
ciência e da realidade subjetiva<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>estudada pela<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>filosofia, a experiência
mística ficou sempre relegada aos limites<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>inapropriados da<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>fé religiosa. No
entanto, como o próprio nome diz, a experiência mística não supõe a fé, já que
a fé, na verdade, nasce da incerteza, nasce da necessidade de atribuir ao
outro, ou a alguma entidade, a salvação da alma e/ou a cura dos males. Enquanto
que a experiência mística só existe como descoberta do ser em direção a si
mesmo, ou seja, quando a fé se transforma em confiança (<em>pistis</em>) e que Jung compreende tão
bem em seu comentário psicológico na Introdução do<em> “Livro Tibetano da Grande
Libertação</em>”.
Nesse sentido, esse movimento pode ser chamado de religioso, mas está para além
das igrejas e dos dogmas. Devendo ser vivido e experimentado<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>por todos aqueles que, em<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>busca da verdade, procuram<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>na ciência, na religião, na arte, e em si
mesmos, respostas satisfatórias para a<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>sua existência no mundo.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; letter-spacing: 0pt;"><span style="font-family: Arial;">Por isso, qualquer investigação
sobre o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> propõe uma reflexão
fundamental sobre a existência e que pode ser expressa na pergunta -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i>"Quem sou eu?"</i>.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A identificação de um ego social e um
desdobramento<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>desse ego<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em partes,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>pressupõe uma comunicação entre essas partes.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Portanto, a comunicação que estabeleço com os
múltiplos <i>"seres"</i> que habitam o espaço psíquico que ocupo
parece<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>fundamental<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>para que haja uma compreensão<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mais aproximada<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>desse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i>
que investiga a si mesmo através desta pergunta inicial.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; letter-spacing: 0pt;"><span style="font-family: Arial;">Por isso, ao investigar o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> é necessário investigar a
comunicação dos múltiplos seres que parecem habitar este alguém indivisível e
único que chamamos de <i>eu</i>.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Portanto, ao que parece, é na comunicação interna que podemos ter
um<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>vislumbre do nosso eu. É na exclusão,
talvez, daquilo que não é o ego, que podemos chegar a esse ser que chamamos de
eu.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; letter-spacing: 0pt;"><span style="font-family: Arial;">.Na Comunicação Transpessoal há a
intenção de pesquisar algumas das diferentes<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>formas de comunicação do ser<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com
ele mesmo, a partir do signo linguístico, das construções semânticas, da
análise de imagens mentais, dos processos psíquicos, buscando<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>na Teoria da Comunicação instrumental
necessário à análise dessas partes constituintes da personalidade e daquilo que
chamamos consciência.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="Corpodotexto" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: windowtext; letter-spacing: 0pt;"><span style="font-family: Arial;">Para Sartre, é a consciência que
cria o eu, e não ao contrário. Em “<em>A Transcen-dência do Ego"</em>, ele afirma que <em>“Não
há conteúdo de consciência, não há o que na minha opinião, é o erro de Husserl,
sujeito por detrás da consciência(...) há unicamente de alto a baixo,
consciência”.</em> Essa abordagem de Sartre é semelhante à abordagem que os místicos
orientais fazem quando se reportam à <i>Iluminação</i> dos Avatares e Mestres.
Para eles, a consciência tem vários níveis e tende a ser superada
constantemente até que o <i>ser</i> chegue ao máximo de seu desenvolvimento.
Nesse ponto, a <i>Iluminação </i>seria um estado sem ego e sem eu, de alto a
baixo consciência, sem representações, sem significados, mas em bloco, direta,
sem mediações e filtros sociais. Ou seja, uma consciência em que há uma ruptura
entre os seres interiores, interrompendo, portanto, o processo de comunicação.
Rompido esse processo de comunicação, um novo estado de ser acontece - é a
Comunhão que esta consciência estabelecerá com o Todo. <o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">No
livro <em>“Alem do Ego”,</em> de Roger Walsh e Frances Vaughan, temos que consciente e
inconsciente não são eternos e imutáveis: <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Arial;"><i>"O que é inconsciente e o que é consciente
depende da estrutura da sociedade e dos padrões de sentimento e de pensamento
que ela produz. O efeito da sociedade é não apenas canalizar ficções para a
nossa consciência, mas também evitar a percepção da realidade. Toda sociedade
determina as formas de percepção. Esse sistema funciona, por assim dizer, como
um filtro socialmente condicionado; a experiência só chega à percepção se puder
passar pelo filtro". (p.120)</i></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Ou
seja, o que pensamos, o que vemos, o que escutamos é aquilo que é socialmente
aceito. Não temos a capacidade de ver, sentir, atuar e pensar aquilo que o
nosso código social não permite. Ou seja, ao selecionarmos um conjunto de
frases quando falamos, escrevemos ou pensamos, não nos damos conta de que
estamos procedendo a rapidíssimas seleções de signos, numa ordem organizativa
prescrita pelas normas do sistema. Não nos damos conta realmente desta seleção
porque<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o processo já está<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>automatizado.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Uma
forma de romper com esse diálogo interno que nos oblitera e nos reduz a meros
atores sociais, é a introdução da meditação em nossas vidas. É uma das formas
que temos disponíveis para fazer com que nossa mente opere de modo diferente
daquele que estamos acostumados. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">O
objetivo da meditação é interromper o diálogo interno entre o eu e você que nos
desorienta, oprime e muitas vezes nos escraviza em um único ponto de vista. O
que falamos internamente, o que escolhemos para nós através de palavras, frases
e conceitos, cotidianamente repetidos, é aquilo que nos tornamos. Por isso, ao
se interromper essa enxurrada de elementos – às vezes até mesmo contraditórios
– em nossa mente, em nosso sangue, artérias, veias e órgãos, podemos modificar
substancialmente a nossa realidade interna no plano físico, mental, emocional e
espiritual. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">O
objetivo da meditação é interromper aquilo que nos tornamos abrindo
possibilidade para que o verdadeiro ser interior renasça. Os nossos conceitos,
preconceitos, dúvidas, negatividades, pensamentos, sentimentos são resultado de
uma sociedade escravizada, que não conhece a si mesma, que não permite que cada
um de nós conheça a si mesmo, que não oferece outra realidade a não ser aquela
determinada pela negação do eu em detrimento do ego. E isso vaza para todas as
instâncias, até mesmos para aquelas que se dizem espirituais, porque estão no
interior desta mesma sociedade, sem recursos disponíveis e apropriados para
romper definitivamente com aquilo que os oprimem. Outras, nem mesmo estão
interessadas em romper com nada. Pelo contrário, fazem parte do grande
contingente que não pretende jamais romper, mas se favorecer da alienação de
todos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Por
isso a meditação é revolucionária. Ao interromper o pensamento viciado,
introduz a limpeza do espírito que se ilumina e passa a comungar
existencialmente com tudo e com todos. Esse é o principal fundamento da
espiritualidade. Não servir à sociedade, mas servir ao interior de cada um como
se cada um fosse o retrato do nosso deus interior. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Cassirer, em sua<em>
“Antropologia Filosófica”,</em> afirma que<i> “a ciência é o último passo no
desenvolvimento espiritual do homem e pode ser considerada como a mais alta e
mais característica conquista da cultura humana.” </i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Para ele, antes dos pitagóricos e dos
atomistas, inexistia qualquer concepção científica e esse modo muito particular
de olhar e investigar a realidade. Foi após a Renascença que a ciência se
estabeleceu, criou a base que sustenta hoje essa forma particular que o
Ocidente criou para lidar com as questões fundamentais do homem. Provavelmente
porque a filosofia sozinha não conseguia romper com a imensa e intricada malha
que a sustentava, a ciência inaugura a experimentação sistemática e metódica,
ou seja, nos proporciona a segurança de fixar pontos de apoio para que possamos
acionar a alavanca do conhecimento.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">No
século XVIII, com o rompimento entre o Estado e a Igreja, inaugura-se esse
campo neutro de investigação precioso. Naquele momento era necessária a criação
dessa neutralidade <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>exatamente para
impedir o assassinato em massa que o cristianismo ainda provocava em nome de
Deus e da legalidade espiritual. No entanto, passados já alguns séculos, o
pensamento cartesiano tem se demonstrado falho em algumas questões que a
própria física quântica, por exemplo, tem tentado solucionar. A própria Arte
possui um campo de conhecimento subjetivo incontestável. Não é à toa que a
maior parte das investigações nas ciências humanas e sociais partiram – e
partem ainda – de obras de escritores clássicos, como os livros por exemplo de
Tolstoi, Balzac, Shakespeare, etc.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Hoje
inauguramos uma nova ciência, aquela que tem alargado seus paradigmas para a
investigação de processos invisíveis, voltados para a geração de energia. Essa
investigação, exatamente por ter ainda um caráter subjetivo, é reforçada por
outras instâncias que até os dias de hoje permanecem alijadas de alguns grupos
científicos mais tradicionais. Uma dessas instâncias é a arte, como aproximação
possível, como ponte de acesso a campos de saber aparentemente distantes. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">A
arte, a ciência e a espiritualidade formam três campos de conhecimento
autônomos, mas que tendem a se aproximar nessa nova convergência de saberes.
Quando falamos em espiritualidade, lembramos que somos todos seres espirituais.
Por isso as teorias que excluem a possibilidade de estudar o ser em sua
plenitude estão fadadas ao desaparecimento. A ciência não pode mais relegar ao
plano das igrejas o autoconhecimento. Na verdade, quando um cientista se
entrega a uma investigação, o seu modo de olhar, suas experiências anteriores,
sua visão de mundo, suas crenças podem interferir diretamente nos resultados da
pesquisa. Por isso, a física quântica tem introduzido a consciência do
investigador como um elemento do processo de investigação. E é por isso que
esta nova ciência tem se alargado na construção mesmo de uma Ciência do Ser. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Além
da Física Quântica, a Psicologia, a Comunicação e algumas outras ciências têm
trabalho com a imaginação no campo das realidades. É necessário<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que a Ciência do Ser se amplie na direção de
uma investigação que leve em conta processos até hoje desconhecidos. É
importante entender que aquilo que não é natural não precisa ser
necessariamente sobrenatural, e é por isso que ao se alargar os paradigmas
desta nova ciência alargam-se também os campos de investigação, inclusive para
processos até hoje inexplicáveis.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Nesse
sentido, falar em <em>Saúde do Ser</em>, pressupõe-se uma investigação sobre o que é o
ser. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-70308689012691018392013-11-28T21:08:00.002-02:002020-07-29T12:23:43.186-03:00Literatura Para Crianças e Jovens - artigo Parte II<div style="text-align: center;">
<strong>Literatura para Crianças e Jovens - Parte II</strong></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">A
literatura é uma construção poética bastante elaborada. Imita o real, mas o
individualiza na ânima de seus personagens. Tipifica, e nessa tipificação
introduz o belo, às vezes o exagero, às vezes o terror, mas certamente introduz
uma singular interpretação da realidade. A literatura nasce no bojo da
Renascença, mas é a partir da imprensa de Gutenberg que se ampliou não só as
possibilidades de divulgação da arte escrita como também a possibilidade de um
maior número de leitores.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pode-se dizer que a obra literária rompe com
as expectativas de seu leitor e existe para isso. Ou seja, que a criação
artística é uma mensagem que se orienta necessariamente para seu recebedor,
completando nesse sentido o processo fundamental da comunicação. Melhor
dizendo, a mensagem se particulariza no momento em que provoca um
“estranhamento”; portanto, precisa ser uma mensagem “original”, uma “criação”,
no amplo sentido do termo, o que lhe assegura um caráter renovador.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">É a
partir dessa ruptura com o estabelecido, tanto a nível formal quanto de
conteúdo, que a literatura enquanto arte, enquanto poética, pode provocar sua
fissura ideológica em termos de visão da realidade e, por consequência, pode se
constituir em <u>objeto de conhecimento</u>, ampliando e renovando o horizonte
de percepção do leitor. É nesse momento que a arte se afirma como uma
construção a-histórica, que apesar de estar no bojo de um social, está para
além dele e pode dele falar.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em constante simbiose com o social,
que também se transforma, a arte, e particularmente a literatura, que é o que
nos interessa aqui, se relaciona com o real de maneira ativa. Portanto, a
criação literária só pode introduzir a “norma” (FOUCAULT, 1965, p.13)<i>(2)</i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- no seu interior para desmascarar,
denunciando, pelo simples fato de existir como obra de arte, todo tipo de
dominação social. É assim que o texto se converte em investigação do real,
questionando-o, sem abdicar de sua natureza literária.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">A
literatura para crianças e jovens pretende alcançar esse mesmo patamar. E
consegue em alguns momentos, graças a alguns poucos escritores que revelam o
mesmo pulso firme dos grandes literatos. No entanto, a grande maioria dos que
escrevem para crianças e adolescentes deixa muito a desejar. É importante que o
escritor de literatura voltado para esse tipo de público se inteire das
condições que são necessárias para se escrever uma obra de arte. Relegada ao
plano de uma literatura “menor”, na literatura infantil, o “estranhamento” - a
que nos referimos antes - <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>tem sido
perseguido através de uma visão simplificada a respeito de arte e criação. Essa
visão traz em seu cerne a concepção vulgar de que a fantasia e o lúdico, por si
só, são mais do que suficientes para se fazer uma obra rica em elementos de
criação e consequentemente, de arte. A poética, no seu sentido mais pleno, fica
aí então comprometida com um lúdico de gabinete, que através de uma fórmula
adequada imprime nos leitores uma atitude de “estranheza” controlada. Ao
contrário do pretendido, o lúdico na literatura infanto-juvenil tem ocupado um
lugar seguro, destinado ao “escape”, quando as contradições do mundo real não
podem emergir, formando uma espécie de invólucro protetor das mentes
“imaturas”. É nesse sentido que a fantasia tem sido trabalhada pela literatura
infanto-juvenil, indistintamente, inclusive por aqueles autores consagrados até
mesmo pela crítica especializada, e que já tiveram oportunidade de confirmar a
sua arte através dos prêmios conquistados na área.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Após
pesquisar cerca de 80 títulos de livros destinados a crianças e adolescentes, alguns
pontos nevrálgicos se repetem com alguma constância. Por exemplo, a maior parte
das narrativas onde há um conflito há também uma antecipação da solução, na
qual o autor, prevendo os momentos que poderão provocar em seu leitor qualquer
efeito incômodo, utiliza o recurso da imaginação voltada para o “escape”. Há,
por exemplo, nos Bestiários – livros cujos personagens são animais – o objetivo
claro de camuflar muitas vezes os verdadeiros sentimentos dos personagens, caso
eles fossem apresentados como seres humanos. Já os textos mais ousados, que
abordam temas atuais com seres humanos reais, introduzem o “escape” através do
lúdico ou através da exceção. Na exceção, temas de real importância são esvaziados
por soluções miraculosas, inapropriadas ao contexto e que servem para imprimir
na alma do leitor o “alívio” – ou a “catarse”. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Deixam de representar o geral para
particularizar situações baseadas em exceções.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Já o “escape” para o lúdico está presente em quase toda a extensão da
literatura voltada para a criança. Esse tipo de literatura tem sido aplaudida
pelos especialistas, e a sua qualidade é medida pela maior ou menor capacidade
imaginativa do autor em criar situações lúdicas. Em todos esses casos, a <u>tipificação</u>
fica comprometida e a literatura enquanto representação literária, deixa de
existir.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Seja de que classe social for, o leitor de
literatura infanto-juvenil será invariavelmente conduzido a ler e a pensar de
acordo com a classe dominante. Será reservado para ele um universo próprio
dentro de um construto permitido. Ou seja, também esse lúdico será aquele que
preenche os estados da alma de uma criança específica. Por isso, será destinado
a este leitor uma única interpretação da realidade e também uma única forma de
compreensão. Por outro lado, a maior parte dos teóricos da literatura rejeitam
a “catarse”, acrescentando que o discurso crítico é a maneira ideal do autor
viver as contradições, compreender as situações, sem aprisionar-se nelas. A
“catarse”, em geral é utilizada em best-sellers, livros de grande tiragem, cujo
objetivo principal é distrair o leitor. No entanto, a “mimesis” (identificação)
e a consequente “catarse” são uma constante na literatura para crianças.
Portanto, a literatura infanto-juvenil não é decididamente uma literatura da “consciência
crítica”, nem mesmo da “estranheza”, da “surpresa”, da “poética”, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pois a maior parte das perguntas formuladas –
filosoficamente ou poeticamente - tem uma resposta pronta e acabada, expressão,
em geral, da “verdade” de cada autor. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent3" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left; text-indent: 1cm;">
<span style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-family: Arial;"> </span></span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">Os contos atuais se já não são tão fantásticos como os
contos de fadas, conservam os mesmos atributos míticos e inquestionáveis dos
contos de fadas. O cenário foi mudado, os animais selvagens foram substituídos por outro tipo de
ameaça como os carros, mas no nível da narrativa, no nível de uma
visão crítica da realidade, os livros atuais, em sua maioria, realistas ou
fantásticos, preservam o mundo da criança e do jovem dos questionamentos e das
contradições próprias da nossa sociedade. Portanto, na maior parte dos contos
de fadas, mas também dos livros com temas atuais, o símbolo do sonho permanece
em seu sentido latente, conduzindo a criança a um estado de sonolência lúdica,
bem próxima da alienação. Em princípio, pode-se afirmar que somente numa forma
muito geral a criança relaciona suas experiências reais com a literatura que
lhe é oferecida. Nesse sentido, os livros infanto-juvenis, em sua maioria,
servem para camuflar as verdadeiras relações de dominação e poder em nossa
sociedade moderna. Com o intuito de divertir o leitor, de formar o hábito de
leitura, as mais diferentes licenciosidades têm sido permitidas pelos pais, especialistas em literatura infantil e juvenil,
professores, ou seja, os “legítimos” defensores do universo infantil.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent3" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">Portanto, se o ensino não introduz o pensamento
filosófico, se a literatura voltada para as crianças e jovens fica à margem de
uma poética realmente emancipatória, o que resta, senão o hábito?<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left; text-indent: 1cm;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">Como criar o hábito de leitura?</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Há uma tese sobre educação de
meninos, de um autor do século XIX, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e
que Jurandir Freire Costa cita em seu livro: <i>“Desde a primeira infância
devem os pais disciplinar com todo o esmero o espírito de seus filhos, quando
sua alma ainda está dócil e se presta a todas as sortes de impressões – é nesta
idade que convém reprimir e domar suas inclinações.”(</i>COSTA, 1979, p. 87)<i>
(3)</i><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">As
más inclinações, prevenidas pela introdução dos bons hábitos, dispensam o uso
de castigos recorrentes e os agentes externos. Seus efeitos são duradouros,
praticamente invisíveis. Implanta-se gradualmente na “alma dócil”, no corpo
“tenro e flexível”, sem deixar marcas perceptíveis. É o que chamamos de criação
de um hábito. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Sabemos
criar um hábito, o difícil é se livrar dele. Podemos perfeitamente criar o
hábito de leitura, já que conseguimos criar com perfeição o hábito de ver
televisão, o hábito de escovar os dentes, de tomar banho, de usar roupas, etc.
- e são tantos os hábitos que criamos. Produto de hábitos, um indivíduo não
sabe nem quando, como, nem porque começou a sentir e a reagir da maneira que
sentia ou reagia. Tudo em seu comportamento deve parecer à sua consciência como
normal.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Assim
é a educação. Aprender a falar, a andar, a responder, a ouvir, a perceber são
formas de assimilar conforme a “lei das coisas e a lei dos homens”. Um belo
dia, a nossa personalidade aparece estruturada, sedimentada, desenvolvida – e
algumas vezes, deformada - <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e sequer nos
damos conta que tudo isso foi um aprendizado que poderia ter sido de outra
ordem. Mas, apartados da arte, ficamos com o prosaico de uma construção pobre. <span style="font-size: 12pt;">Como dissemos anteriormente, é<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-size: 12pt;"> fácil criar um hábito. O difícil é introduzir na nossa vida aquilo que não é hábito. Aquilo que descobrimos, às vezes tarde, e que é o que realmente conta - o poético da nossa existência. <o:p></o:p></span><o:p></o:p></span><o:p></o:p></span>O
poético é relegado, dele não se fala, ele não se aprende, já que os nossos
professores – pai, mãe, escola – não aprenderam também. O poético é o sentir a
vida, é dar um destino ao nosso caminho, é estar filosoficamente cercado pelo
surpreendente, que é a própria vida. O nosso destino é aquilo que chamamos de
aprimoramento da alma, é a nossa construção interna, a nossa realização como
seres criativos que somos.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Sabe-se
que a fantasia não pode ser restringida a uma questão puramente etária. Ela é
privilégio de toda a humanidade, sem distinção de cor, credo, classe social ou
idade. No momento em que determinamos qual o tipo de fantasia se adequa melhor
a uma determinada faixa etária, a poética fica comprometida, assim como o olhar
de seu criador. Mas a que fantasia nos referimos quando falamos de criança?
Como vimos, anteriormente, dependendo do ambiente em que cada um cresceu, a
realidade pode tomar contornos diferentes. E a fantasia vai se processar de
forma autônoma. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Para entender melhor o que aconteceu com a
literatura infanto-juvenil, vamos nos deter rapidamente na obra de Monteiro
Lobato. É só com ele que se inaugura a chamada literatura infanto-juvenil no
Brasil. Com a publicação da <i>“Menina do Narizinho Arrebitado”</i>, em 1921,
esta sua obra foi um salto qualitativo se comparada aos autores que o
precederam. Uma linguagem mais coloquial e criativa, antecipatória mesmo do
movimento modernista, sobressaía ao lado de uma visão mais progressista,
considerada na época como vanguarda do pensamento nacional. Assuntos como
guerra, política, ciência, petróleo eram temas considerados até então
inapropriados ao universo infantil, mas que Lobato faz com que sejam discutidos
no interior das tramas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 49.6pt;">
<span style="font-size: 12pt;">Defendido
e glorificado pela maior parte dos educadores modernos, Monteiro Lobato teve
sua obra aceita e divulgada, inicialmente pelos mais progressistas e
posteriormente pelos ufanistas das causas nacionais. </span><span style="font-size: 12pt;">Se
de um lado temos um Brasil agrário, rural, conformado às velhas técnicas, às
antigas leis que regulamentam a terra, um país recentemente libertado dos
grilhões da escravatura, de outro temos uma classe média emergente, que povoa
já os centros urbanos, uma classe operária tímida, mas consciente já de sua
nova posição no cenário nacional. É esta classe emergente que Monteiro Lobato
adota. São as suas verdades que ele defende. Por isso, Pedrinho e Emília são a
encarnação do homem produtivo, ousado, necessário ao desenvolvimento
industrial, ao crescimento econômico e à afirmação da pujança nacional. Tia
Anastácia é a representante desse mundo rural, ao lado de Dona Benta. Tia
Anastácia é a expressão da ignorância nesta nova ordem, mas é também a
expressão de uma sabedoria popular que pode ser absorvida, num clima de
convivência pacífica.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 49.6pt;">
<span style="font-size: 12pt;">Em
Monteiro Lobato:</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 2cm; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">“houve a
incorporação de certas ideias, que provém evidentemente de sua profunda
admiração pelo modo norte-americano de vida, conforme escreve Gabriel Cohn em “Um
Ianque no Vale do Paraíba” (Versus, SP, 1977) sem que ele as tenha conseguido
traduzir em personagens e ações. Por isso, as narrativas têm um conteúdo
doutrinário, o que perturba indubitavelmente o efeito emancipador que a
caracterização inconformista de seus heróis desejaria alcançar. E tal
dificuldade advém da natureza do gênero a que o autor dedicou grande parte de
sua existência e o melhor de sua criatividade: é que, para alcançar<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o efeito formador e pedagógico, o escritor
não pode sofisticar sua mensagem, discutindo suas nuances e consequências, nem
tornar mais complexas as personagens e ambivalências, fazendo-os viver crises
existenciais, perturbações ou mudanças. Por isso, o programa político de
Monteiro Lobato liquida o mundo de seus heróis, sem que estes, que encarnam
aquela, possa dar conta do fato, aprová-lo ou contestá-lo. Neste sentido, as
personagens acabam por incorporar a própria condição do leitor infantil, a da
aceitação e passividade.” </span></i><span style="font-size: 12pt;">ZILBERMAN
(1979), p. 19<i> (4)</i><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">A
maior parte dos escritores de literatura infanto-juvenil no Brasil seguiram os
mesmos passos de Lobato. Representantes também dessa mesma classe social,
defenderão – mesmo que com uma aparência de vanguarda – as mesmas questões com
a embalagem da nossa atualidade. De qualquer maneira, seja na família, na
escola, e na maior parte da <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>literatura
voltada para crianças, não temos o componente principal emancipatório da grande
arte. Como diz Cohn, estamos limitados pelo <i>“efeito formador e pedagógico”. </i>Estamos
impossibilitados de escrever como Balzac, que mesmo sendo um monarquista
conservador, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>teve a capacidade de criar
personagens típicos, envolvidos com a ascensão da burguesia, mas sem qualquer aprisionamento
ideológico. Balzac, apesar de seus interesses de classe, e talvez por isso
mesmo, cria criticamente, mostrando poeticamente aquilo que é, sem concessões
de qualquer tipo. Portanto, entre o prosaico e o poético há um enorme caminho a
ser percorrido, extrapolando mesmo o lúdico do universo infantil. Precisamos,
como escritores, professores, pais, pedagogos, psicólogos rever os nossos
conceitos sobre a educação e a arte destinada às crianças. Precisamos
introduzir no nosso currículo o pensamento crítico, filosófico e poético,
oferecendo às crianças e aos adolescentes um universo baseado na beleza e na
consciência desse belo, na fruição estética e na criação de espaços em que a
nossa cultura possa ser revigorada, mesmo que diferenciada pelos muitos
segmentos sociais que diversificam a nossa arte.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Precisamos
daquilo que nos torna ávidos de mais poesia, essa forma de falar sem dizer, de
escutar sem ouvir, de imaginar sem fazer. O poético cria o hábito de leitura, e
não o contrário. Precisamos sair do prosaico das novelas do cotidiano e cair no
poético da nossa própria existência. Cair no poético é a expressão correta, porque
o poético funciona como uma armadilha. Acontece de repente e aí é que está a
grande descoberta. Quando se lê um livro, por exemplo, de repente podemos encontrar
dentro dele a poesia e nos tornarmos leitores. Estamos vivendo a nossa vidinha,
e num belo dia, algo diferente acontece dentro da gente. Como diz Vinícius em
um dos seus poemas: “<i>O Operário em Construção”</i>. Nele, um operário - que
empilhava tijolos e construía casas – não sabia por que um tijolo valia mais
que um pão. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">“Mas
ele desconhecia<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Esse
fato extraordinário:<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Que
o operário faz a coisa <o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">E
a coisa faz o operário.<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">De
forma que, certo dia<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">À
mesa, ao cortar o pão<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">O
operário foi tomado<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">De
uma súbita emoção<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Ao
constatar assombrado <o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Que
tudo naquela mesa<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">-
Garrafa, prato, facão – <o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Era
ele quem fazia<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Ele,
um humilde operário, <o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Um
operário em construção. <o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Olhou
em torno: gamela<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Banco,
enxerga, caldeirão<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Vidro,
parede, janela<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Casa,
cidade, nação!<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">(...)<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Um
mundo novo nascia<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">De
que sequer suspeitava.<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">O
operário emocionado<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Olhou
sua própria mão<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Sua
rude mão de operário<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">De
operário em construção<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">E
olhando bem para ela<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Teve
um segundo a impressão<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">De
que não havia no mundo<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Coisa
que fosse mais bela.<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Foi
dentro da compreensão<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Desse
instante solitário<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Que,
tal sua construção<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Cresceu
também o operário.<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Cresceu
em alto e profundo<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Em
lardo e no coração<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">E
como tudo que cresce<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Ele
não cresceu em vão<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Pois
além do que sabia<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">-
Exercer a profissão – <o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">O
operário adquiriu<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 2cm;">
<i><span style="font-size: 12pt;">Uma
nova dimensão:<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 18pt;">
<i><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A dimensão da poesia.”</span></i><span style="font-size: 12pt;"> (LYRA,Pedro,1983, p.128) <i>(5)</i><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E esta talvez seja a nossa melhor
possibilidade - um vírus benéfico que se alastra sem se importar com as classes
sociais, com a faixa etária, com nada do que é politicamente correto. Essa
mesma poesia que faz a nossa existência ter mais sentido, ter mais
consistência. E quando falamos poesia, nos referimos à poética no seu sentido
mais amplo, esse estado de espírito enlevado que soprou na alma dos mais
diferentes artistas – nas artes plásticas, na literatura, na dança, na música,
na medicina, na tecnologia, no pedreiro, na vida.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como
podemos introduzir então o poético nas nossas vidas, na vida dos meninos de
rua, dos traficantes, da polícia? Na vida dos pais e professores, na vida dos
passantes, dos caminhantes, dos educadores, psicólogos e pedagogos? Na vida dos
cientistas, dos pesquisadores, dos que estão ávidos de ganância, corrompidos pelo
trabalhado alienado, pela selvageria dos grandes centros urbanos, pela necessidade
obscura do ganha-pão?<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Essa é,
para todos nós, a grande questão. E a resposta está na própria literatura
infanto-juvenil – já que ela se propõe a ser o primeiro contato do pequeno ser
com a arte - e na qualidade poética de suas páginas. Assim como deveria estar
nas salas de aula, nas casas, nas ruas, na televisão, nos cinemas, nos teatros,
no local de trabalho, em qualquer lugar onde houvesse pensamento e a sensação
de que somos exemplares únicos e criadores singulares da nossa própria existência. O
pensar, o estar, o caminhar filosófico e poético foi a base de algumas
civilizações, inclusive a ocidental. Está na hora, portanto, de extrair da
nossa própria história o que sabemos, mas que esquecemos quando priorizamos o
imediatismo dos bens materiais. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Nesse
caso, a literatura infanto-juvenil tem em si um compromisso dobrado. Além de
procurar ser uma grande arte, deverá introduzir nas escolas, nas casas, nos
corações dos pequenos e dos jovens o olhar do “estranhamento”, o “olhar poético”.
Deverá abandonar o lúdico prosaico para oferecer obras de conteúdo realmente original.</span><span style="font-size: x-small;">
<span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left; text-indent: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Por
isso, hábitos são dispensáveis. A não ser que o pensamento filosófico e o olhar
poético sejam hábitos que possam ser adquiridos. Mas se conseguirmos introduzir
nas crianças e adolescentes a descoberta desse olhar que nos torna mais vivos e
comprometidos com o fato de estarmos aqui nesse planeta por um tempo tão
mínimo, aí sim estaremos equipando esta nova geração do instrumento necessário
para a formação de novos leitores. Estaremos equipando cada um deles com o
único sentido da arte – a poética como algo revolucionário.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<h3 align="left" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><u><span style="font-size: small;">NOTAS<o:p></o:p></span></u></span></h3>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 63pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 63.0pt; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-list: Ignore;">(1)<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 12pt;">COSTA, Jurandir .
<u>Ordem médica e norma familiar</u><i>.</i><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 63pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 63.0pt; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><b><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-list: Ignore;">(2)<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";">
</span></span></span></b><!--[endif]--><span style="font-size: 12pt;">FOUCAULT,
Michel. <i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></i><u>História social da criança
e da família</u><b><o:p></o:p></b></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 63pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 63.0pt; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-list: Ignore;">(3)<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 12pt;">COSTA, Jurandir .
<u>Ordem médica e norma familiar</u><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt 63pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 63.0pt; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-list: Ignore;">(4)<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 12pt;">ZILBERMAN, Regina</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt;">. </span><u><span style="font-size: 12pt;">A literatura infantil na escola</span></u><span style="font-size: 12pt;">. </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0pt 63pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 63.0pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 200%; mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">(5)<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 12pt; line-height: 200%;">LYRA,Pedro. <u>Vinícius de moraes -
poesia</u></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<h3 align="left" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><u><span style="font-size: small;">BIBLIOGRAFIA<o:p></o:p></span></u></span></h3>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">ABRAMOVICH,
Fany . <u><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O estranho mundo que se mostra
às crianças</u>. São Paulo, Summus, 1983.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">ALBERTON,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Carmem et alii . <u>Um dieta para crianças:
livros</u>. Porto Alegre, Redacta/ Produl, 1980.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">ARENDT,
Hanna. <u>Entre o passado e o futuro</u>. São Paulo, Papirus, 1990.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">ARIÈS,
Philippe .<u>História Social da criança e da família</u>. Rio de Janeiro,
Zahar, 1978<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">BENJAMIN,
Walter .<u>Reflexões: a criança, o brinquedo e a educação</u>. São Paulo,
Summus, 1984<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">BIBLIOGRAFIA
analítica da literatura infanto-juvenil publicada no Brasil. (1965-1974).
FNLIJ, São Paulo, Melhoramentos, Brasília, INL, 1977<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">CADERNOS
DA PUC, Literatura Infantil. Rio de Janeiro, 1980<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">CANCLINI,
Nestor Garcia. </span><u><span lang="ES" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: ES;">Culturas hibridas</span></u><span lang="ES" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: ES;">. Cons. Nac. para la cultura y las artes. </span><span style="font-size: 12pt;">México: Grijalbo, 1989<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">COSTA,
Jurandir Freire . <u>Ordem médica e norma familiar</u>. Rio de janeiro, Graal,
1979<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">DONZELOT,
Jacques. <u>As polícias das famílias</u>. Rio de janeiro, Graal, 1980<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">DORFMAN,
Ariel e MATTELART, Armand .<u>Para ler o pato Donald</u>. Rio de Janeiro, Paz e
Terra, 1978<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">ECO,
Umberto . <u>Obra Aberta</u>. São Paulo, Brasiliense, 1980<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">ECO,
Umberto e BONAZZI, Mariza . <u>Mentiras que parecem verdades</u>. São Paulo,
Summus, 1980<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">FREIRE,
Paulo . <u>Educação como prática de liberdade</u>. Rio de Janeiro, Paz e Terra,
1977<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">GANEM,
Eliane. A cor do negro: comunicação transpessoal na arte, na ciência, na
espiritualidade. Rio de Janeiro, Booklink, 2006.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 200%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>_____________. <u>Coisas de menino</u>.
Rio de Janeiro, José Olympio, 1986</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 200%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 200%;">HELD, Jacqueline . <u>O imaginário no poder</u>. São Paulo,
Summus, 1980</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">KHÉDE,
Sônia Salomão . <u>Literatura infanto-juvenil; um gênero polêmico</u>. Rio de
Janeiro, Vozes, 1983<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">KONDER,
Leandro . <u>Os marxistas e a arte</u>. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira,
1967<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">LYOTARD,
François. <u>O pós-moderno</u>. Rio de Janeiro. José Olympio, 1986<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">LYRA,
Pedro. <u>Vinícius de morais</u>. Rio de Janeiro. Agir, 1983<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">MERKEL,
Johannes e RICHTERM, Dieter. </span><u><span lang="FR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: FR;">Marchem, Phantasie und soziales lernen</span></u><span lang="FR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: FR;">. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US;">Berlin, Basis Verlag,
1974<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US;">MERKEL, Johannes e RICHTER, Dieter . Til
Eulenspiegel – der asoziale Held und die Erzieher Kindermediem . </span><span style="font-size: 12pt;">Asthetik und Kommunikation . Berlin, Auk Verlag, Abril
de 1977<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">SANDRONI,
Laura .<u>De Lobato a Bojunga</u>. Rio de Janeiro, Agir, 1987 <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">SEGAL,
Hanna . <u>Introdução à obra de Melaine Klein.</u> /s.n.t./<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">ZILBERMAN,
Regina . <u>A literatura infantil na escola</u>. São Paulo, Global, 1981<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></div>
Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-43423289290893314502013-11-28T20:35:00.001-02:002020-07-29T12:24:14.625-03:00O Predador - Crônica<div style="text-align: center;">
<strong>O Predador</strong></div>
<div style="text-align: center;">
<strong></strong> </div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<em>Dedico aos predadores, aqueles que corrompem a existência.</em><br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;">É excremento o teu pavor quando me olha, perdido dentro da
tua pequena visão de mundo. Cego, de alma pesada, largada aos seus próprios
estragos, esmerilhada pelo correr dos anos que te poluíram. O teu abandono é
estudado, a tua vida viciada, morta e desolada como os escárnios que o universo
lança em teu rosto pouco sofrido. De uma lentidão sem tamanho, como os
rinocerontes que vociferam à própria passagem, pois nada vê que não seja o rabo
que ostenta, miserável. Ínfima inquietude de um coração debochado. O que sofre,
senão a tua insônia lentamente construída? Desolado, alquebrado, disfarçado,
sem sequer encarar a sorte que te lança um milhão de raios coloridos, de pedras
preciosas que te empanturram o ventre, como o porco come as pérolas e arrota os
vermes quentes que defloram os órgãos, a pele, a lassidão dos teus olhos
corrompidos. É asco o cheiro que sai dos podres do teu intestino preso. É
arroto venenoso o teu carinho, com as patas voltadas para a imensidão sem
tamanho de sua alma vagante, que se mira num espelho retorcido. O que vê?, se é
que enxerga algo que não seja a catarata do teu próprio olho. O que vê?, senão
o teu terror misturado ao teu cheiro, à tua podridão, como se cobras e lagartos
convivessem no mesmo espaço da tua imensa barriga. É asqueroso o teu arrogante
ato de dormir nos braços da amante antes de partir, como algo conquistado e
fim. É demasiado o descaso das cobertas largadas contra as paredes vomitadas
pelo teu ronco. É perverso o teu amor leitoso, o teu rancor pecaminoso, o teu
afeto que seduz a presa entre<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>teus
braços já saciados, qual um vampiro anseia até a última gota um outro espírito.
Travestido em homem, animal azeitado de pequenas promessas, arde teu semblante
em minha mente, ainda presente.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ai,
horror é a lembrança de ti em minha pele untada de perdição descontrolada, de
injúrias que lancei, eu mesma, em meu próprio rosto. No tapa que desabei em
minha própria cara. No desencontro das noites em que não dormi, sacudida pela
ausência imensa de mim. Eu te perdoo, como quem perdoa as baratas. Não te mato,
deixo que a tua desova seja procriada nas privadas sujas do prédio onde
habitas. É denso o destino que você mesmo cava como se cavasse além do poço
profundo em que vives, distante do mundo, distante da vida. É apropriada a tua
bizarra sintonia com o que há de mais vulgar, a tua destemida simpatia pelos
infelizes, os iguais, os acabrunhados da sorte, os azarados, os desafortunados,
os imbecis, os mortos. É tua sina ter me encontrado, sou a perseguição, a
intromissão, o abandono, a compreensão, a saúde, o desvelo e o aniquilamento
poderoso do meu escárnio em tua alma que se fecha acobertada, e foge protegida.
Eu sou o despertar desse teu eu acorrentado, o provável aniquilar do teu ego
ressentido. Sou o teu obsessor, sou o amor, o único capaz de entornar um pouco
de paz em tua alma perdida. E você foge, qual inseto desprovido de senso,
lançando as antenas contra o seu próprio muro erguido, correndo de si mesmo,
sombra do teu aniquilamento. Foge, desgraçado. Foge da única possibilidade.
Mesmo que num relance perceba a minha boca grudada no teu pescoço, sussurrando
“Acorda, Lázaro!!! Levanta!!!, nem assim você se desapega da tua única verdade,
e continua absolutamente inerte na mais quieta mesmice. E fico triste por mim,
por ter usufruído da sua presença em minha vida, esmagada pelos seus braços
excessivamente musculosos que me oprimiram. Nada ficou que não fosse um pequeno
aceno de despedida, como as bandeiras manchadas de sangue após uma guerra
perdida. E me despeço do que fui antes. Do meu jeito ingênuo de olhar o mundo,
do meu amor tão oferecido, da minha alegria quase infantil. E aceito o
infortúnio de ser uma nova mulher, mais sarcástica, mais irônica, mais
desconfiada, desorientada, desconhecida. E me vou, com o resto da humanidade,
igualada à grande massa dos vencidos, por estradas pouco confiáveis, sozinha,
estranha, mal amada, desiludida, cansada e sofrida. Dói essa imensa ferida que
não fecha, como se ficasse aberta à espera dos abutres, que me cercam, sentindo
o seu cheiro ainda recente em minha pele, agora ressentida. Pois então, leva
tudo o que restou de ti, e me devolve apenas o que é meu na justa medida do que
se multiplicou e te ofereci. E foi tão grande o milagre da multiplicação, que
quero de volta a saciedade da tua alma repleta do meu deus interior, a profusão
dos meus sentimentos que te alimentaram, minha beleza,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>minha lealdade, a minha audácia destemida, o
meu aconchego no silêncio do meu quarto, a minha paz de espírito.</span></div>
Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-53781391676288834792013-11-15T17:37:00.006-02:002020-07-29T12:25:35.184-03:00Marina do Poeta - Crônica<span lang="PT-BR"><div align="CENTER">
<strong>Marina do Poeta</strong> </div>
<br />
<div align="CENTER">
<br /></div>
</span><span style="font-family: Arial;"><div align="JUSTIFY">
</div>
Eliane Ganem</span><div align="JUSTIFY">
</div>
<span style="font-family: Arial; font-size: medium;"><span style="font-family: Arial; font-size: medium;"><div align="JUSTIFY">
</div>
</span></span><span style="font-family: Arial;"><div align="JUSTIFY">
Na <i>Marina do Poeta</i>, os seus olhos me encontraram, me deitaram sobre a relva fina que brotava aos nossos pés, logo adiante, como se o mar fosse um tapete de grama prateada, onde a lua desfilava intacta e bela. Foi rápido o tempo que ficamos na espera, da inebriante vontade de deitar no silêncio das noites descobertas. Sob o ardente encontro dos nossos sonhos amantes, a lua, minguante, se estirava em nosso colo, cansada de tantas madrugadas repletas de versos. </div>
<br />
<div align="JUSTIFY">
Fiquei devendo talvez a possibilidade de você me amar demasiado. Fiquei devendo talvez a possibilidade de deitar com você no espaço e dançar sobre o tapete deslizante do mar, equipados com as asas dos anjos que nos amparavam alegres. É um desperdício deixar que as sombras do nosso passado tão iluminado, se perca. É um desperdício até mesmo tentar aprisionar aqui - entre palavras tão pouco fiéis - o nosso caso desfeito.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY">
Pena que tudo seja tão apavorantemente fugaz, tão infinitamente pequeno, e que você tenha permanecido como o melhor dos amigos deste ano inteiro. E que você tenha permanecido como o melhor dos cativos desse encontro, do qual conservo o seu cheiro, o meu abandono, o seu medo, o terror em te perder quando você vinha ao meu encontro, o seu jeito de homem dengoso, o meu estranho desejo de querer te ensinar a viver – como se eu soubesse. Me lembro também da sua vergonha, como se no conforto dos meus braços você expusesse pedaços, que às vezes interrompiam nossos afagos tão íntimos para se estender em íntimas conversas. Me lembro também do seu pequeno apartamento e o nosso cheiro que impregnava as cobertas, as madeixas molhadas do suor dos meus cabelos, dos seus cabelos, dos seus abraços misturados aos meus afetos. Me lembro também dos telefonemas extensos, das vezes em que corri na sua direção como se você fosse um antigo companheiro. </div>
<br />
<div align="JUSTIFY">
Ah, como a lua ficou impregnada de vontade, como se dela tivesse sido arrancada a nossa parte nesse pequeno espaço que ocupamos. Como se todo o universo fosse marina repleta de nós. Como se todo o espaço entre o mar, a areia onde deitamos a nossa história, e o nosso olhar que mirava as estrelas com o conforto plácido dos que erram, ficasse banhado pela luz azulada que a lua ainda lança em minha memória. E é você, clareado de um rompante de amor singelo, de uma enternecida história que jamais acaba, de um adeus que ficou no ar, é você que ficou parado como os acenos das imagens de infância, que ainda permanecem. Me lembro das nossas melhores noites de rimas, do pessoal que vinha nos assistir, como se o motivo principal fosse usufruir do amor que rodeava o nosso encontro, e não os versos que deveriam levar tanta gente ali. Era bonito ver quando você me encontrava, quando o seu perfume tocava o meu repleto de mulher. Então tudo sumia, o chão, a multidão, o microfone, os risos, as palavras, os desencontros dos que partiam, a balbúrdia dos que chegavam. Nem mesmo o mar ficava, quieto demais, talvez esperasse por uma deixa, uma onda que pudesse sobrepujar o nosso silêncio amoroso, o carinho ousado do nosso olhar um no outro, o brilho exagerado que contornava a todos, como se todos estivessem partilhando do imã vibrante que nos aproximava. Somente a lua ousava permanecer, destemida e cúmplice , e era tanta ousadia, tanto olhar surpreendido, tanta falta de juízo, que até os versos se perdiam diante da real poesia que rolava das nossas bocas que se beijavam. </div>
<br />
<div align="JUSTIFY">
E seria mais amplo esse nosso encontro, se tivesse a mesma dimensão do intenso transe que passamos juntos diante da lua, debaixo das cobertas do meu quarto. Só que, de repente, e apenas só de repente, algum motivo escuso te afastou de mim. E então, quando o passado já havia deitado seu manto desesperado, e a lua tentava não se esvair de todo, nada mais havia na marina que não fosse a ausência de um possível encontro. E me defrontei com o seu jeito infiel de viver pela metade o que a vida lhe dava com um transbordar de excessos. E também com o meu sôfrego dilúvio interno, me deixei poupar por inteiro do teu inconveniente jeito de se afastar de mim. Os desencontros de uma situação que acabava, deixando lugar a uma cruel despedida, como se virar amigo fosse coisa pensada e decidida. E ficamos com essa interrupção nos maltratando, com essa rapidez distorcida, com essa atitude que mascara a nossa verdadeira vontade de viver o que ficou perdido. </div>
<br />
<div align="JUSTIFY">
Tanto tempo depois, e eu aqui no devaneio do que podia ter sido. Tanto tempo, tanto descaso, tanto ato esquecido, tanta palavra vertida, tanto verso abandonado, como os mendigos que abandonam suas tralhas. Economizamos na poesia, ávidos de agonia. Talvez seja esse o meu desmazelo diante do olhar que te lanço. Talvez seja esse o confronto que não ousei desvendar com a tua partida. E a lua, velhaca, agora ri em meu rosto, escarnecida. Vem – ela me diz - mais um pouco, e o teu corpo lamberá os escombros do infortúnio, enquanto a tua alma rendida e seca verterá em direção ao acaso, iludida por antigas palavras vazias. E quem sabe, esquecido o desprezo contido que lançamos um em direção ao outro, o nosso amor um dia possa resplandecer como os lírios na lama pútrida emergem em direção à lua, novamente atraídos. E quem sabe, os versos que não deram em nada, possam ser aproveitados em outra obra, talvez mais perfeita. </div>
<br />
<div align="JUSTIFY">
Por enquanto, muito longe do adeus, devo me despedir até qualquer outro dia, quando eu puder erguer novamente o olhar e encontrar ao meu lado a sua mão, o seu jeito carinhoso de me beijar o rosto, o sorridente encontro da nossa natureza que ama além do que deveria, a sua impaciente incompreensão de si. Estender o braço, rodopiar como as crianças envolvidas no abraço, me alegrar apenas com a nossa eterna despedida. E abandonar a esperança de te ter novamente em minha cama, rejeitando a lua que distraída passa - como se eu não fosse mais o seu alvo preferido - e mais uma vez esquecer as antigas possibilidades, me deter em seus braços e chamá-lo de amigo.</div>
</span><br />Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-42220128637807486352013-11-11T16:12:00.000-02:002013-11-11T16:12:22.341-02:00Literatura para Crianças e Jovens - parte 1
<br />
<h1 align="left" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left; text-indent: 1cm;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p><span style="font-size: small;"> </span></o:p></span></b></h1>
<br />
<h1 style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center; text-indent: 1cm;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: small;">A
Produção da Criança<o:p></o:p></span></span></b></h1>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Antes
de estabelecermos as estratégias que podem ampliar significativamente o número
de leitores no Brasil, precisamos em primeiro lugar determinar melhor a que
tipo de leitor estamos nos referindo. Pelo seu vasto território, pela
diversidade cultural que encontramos nas diferentes regiões do país, pela
incapacidade que os governantes têm demonstrado em gerenciar com competência a
questão da educação fundamental, pela dificuldade em determinar o que é
realmente melhor e não aquilo que é mais conveniente para a formação de novos
leitores, proponho que em primeiro lugar seja definido o nosso
público-alvo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Precisamos
desenvolver o hábito de leitura em que criança, em que momento? Onde, mais
especificamente? Que classe social? Que faixa etária? Crianças do interior, da
periferia, dos grandes centros? Nacionalmente, regionalmente? De que modo?<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">É
importante, portanto, que estabeleçamos alguns limites para o nosso objeto –
criança – e as possibilidades que temos de realmente interferir na sua formação
como leitores.<b><i> <o:p></o:p></i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">O
segundo passo é determinar que tipo de literatura está sendo destinada a essa
criança e como ela tem sido consumida pelo nosso público-alvo. Se essa
literatura atende às necessidades atuais dos nossos jovens e se ela está a
serviço de uma autêntica busca intelectual pela arte. Ou seja, será necessário
voltar a atenção para a chamada literatura infanto-juvenil, procurando entender
o seu papel na formação de novos leitores, e como isso tem realmente acontecido.
<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Mais
que o livro didático, os programas pedagógicos e os quadrinhos, a literatura
infanto-juvenil possui uma legitimidade cultural crescente, apoiada na
universidade, nas escolas de 1<sup>o</sup> e 2<sup>o</sup> graus, na crítica
especializada, no movimento editorial, nas academias literárias, na psicologia,
na pedagogia e na educação. Possui, portanto, uma legitimidade que extrapola a
própria literatura , enquanto arte e expressão. Não é apenas arte, mas cumpre o
papel de facilitador na formação moral e social de um contingente expressivo de
seres que precisam de moldes para a sua atuação no presente e no futuro. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Por
isso, embora se queira como obra de arte, como prática estética, a literatura
infanto-juvenil dirige-se a um público leitor especial. Na verdade, escritas
para serem lidas por crianças e adolescentes, essas obras estão orientadas por
uma temática e um estilo que definem, determinando, o próprio público leitor.
Pensam por ele ou como ele deve pensar e mais legítimas e consagradas são
quanto mais próximas fiquem do que o ambiente cultural dominante estabeleceu ou
vem estabelecendo para esse <b><i>ele.</i></b> <b><i>Ele</i></b> é uma criatura
definida como “criança”, determinada como tal e historicamente produzida. A
família, a escola e uma cultura voltadas especialmente para essa criatura
cumprem, ao mesmo tempo, o papel de determinar seu ser – como “ser em formação”
- e pô-la em condições de assumir as responsabilidades que virão “para valer”, na
vida adulta. Nesse sentido, antes de ser dirigida à criança, a literatura
infanto-juvenil é dirigida (e produzida) por um discurso suficientemente
adulto, maduro e criterioso. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">À
diferença da literatura para adultos, com sua própria história de estilos,
narrativas e temáticas, a literatura infanto-juvenil construiu-se num lugar
híbrido, fronteiriço com a didática e o moralismo, ambicionando alcançar uma
validez estética enquanto obra literária e/ou plástica, com seus próprios
cânones ou aqueles tomados emprestados à chamada grande literatura. É, no
entanto, no modo como é determinada enquanto literatura <u>para crianças</u>
que se encontra, sobretudo, sua especificidade, pois busca atender às
expectativas dominantes em relação à criança, reproduzindo-a como <u>natureza
humana infantil</u>, tornando-a exemplar da verdade infantil. Deste modo,
apresenta-se também como um discurso dessa verdade, que seleciona temas de um
tipo determinado e de uma maneira típica tida como “natural” e “verossímil” de
tratar esses temas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Mais
que qualquer outra literatura de ficção, a literatura infanto-juvenil pode
funcionar adequadamente na reprodução de uma determinada ordem social, a um
nível só comparável aos manuais didáticos, às enciclopédias de vulgarização, ao
bom senso intelectual das colunas de jornal, às revistas de domingo, aos
livretos de conselhos médicos e sentimentais, aos almanaques de farmácia.
Obtém, por outro lado, uma eficácia incomparavelmente maior, dado que, ao
contrário daqueles discursos, cuja legitimidade advém de um ponto de vista
pretensamente “objetivo” e “técnico”, a literatura infanto-juvenil vem
legitimar-se não tanto pelo seu conteúdo ideológico, mas pela sua “forma”, isto
é, por ser considerada pelo seu valor estético. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<h2 style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: small;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como sabemos, investigações
historiográficas muito cuidadosas no campo da história das mentalidades, vêm
desenvolvendo a tese – colocada no estrito plano do “sentimento de infância”- <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que a “criança” é uma invenção do século
dezoito, ou do final do século dezessete. A partir do trabalho de Phillipe Ariès
- <i>“História Social da Criança e da Família”</i>, outros especialistas,
seguindo ou não orientações estritamente historiográficas, vêm defendendo esta
hipótese e a aprofundando em várias direções, entre as quais a da literatura
para crianças. <o:p></o:p></span></span></h2>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<h2 style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: small;">Considerando
o conjunto desses materiais, cuja importância vem a cada dia aumentando,
partimos do pressuposto que a “criança” é uma formação social e histórica
particular, determinada pelo conjunto de relações sociais no interior das quais
pode ser personificada e reproduzida. Não importa para a definição de criança as
diferenças existentes no interior do grupo, como sexo, classe social, etc.,
desde que essas diferenças se encontrem determinadas pelo mesmo modo de
classificação, deslocado para cima ou para baixo segundo o critério da faixa
etária. Portanto, se temos que classificar o universo infantil, dispensamos as
diferenças - sejam elas quais forem - e utilizamos apenas o critério de faixa
etária.<o:p></o:p></span></span></h2>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<h2 style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: small;">Seguindo
a obra de Ariès e de outros estudiosos do assunto, vejamos como esse fato
aconteceu.<o:p></o:p></span></span></h2>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<h4 style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center; text-indent: 1cm;">
Separação
progressiva da criança do mundo do trabalho</h4>
<br />
<div class="MsoBodyText2" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyText2" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">Percebem-se aqui três movimentos distintos: na antiga
sociedade agrária, que se estende na Europa até o início do século XIX, adultos
e crianças estão misturados às tarefas agrícolas ou artesanais e, embora
subordinadas, as crianças desempenham importante papel econômico nessas
comunidades. No período de acumulação primitiva do capital e da revolução
industrial, as crianças, como os adultos, eram atiradas às fábricas para
jornadas de trabalho que excediam, muitas vezes, 14 horas diárias. No entanto, no
mesmo período, as crianças da classe burguesa já se encontravam inteiramente
separadas da produção, freqüentando os colégios e se preparando para seus
futuros papéis na gestão econômica. De meados do século XIX em diante, o ideal
burguês da infância se estende para as demais classes sociais, verificando-se a
progressiva separação da criança do mundo do trabalho e sua crescente colocação
na escola. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">De
uma posição secundária e indiferente na organização familiar até meados do
século XVI, dominada então pela figura do “pater famílias”, a criança vem
assumindo progressivamente o papel central na ordem familiar, em torno da qual
reorganizam-se também os papéis adultos. A separação entre adultos e crianças
desenvolve-se com a escolarização, simultaneamente ao desenvolvimento de uma
moralidade que até então não havia. Este novo comportamento passou também a
interferir na sexualidade infantil, inaugurando aquilo que podemos definir aqui
como um padrão assexuado de moral infantil. <i><o:p></o:p></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">Com o desenvolvimento do “sentimento de infância”, que
começou a acontecer a partir do século XVII, crescem no século seguinte - junto
com os colégios e com a nova classe social emergente - <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>as preocupações pedagógicas com a criança e a
separação entre o que deve ser acessível e o que deve ser proibido para ela,
inclusive no próprio discurso. Divide-se o discurso e a fala cotidiana em duas
partes: uma reservada aos adultos, outra permitida e reservada às crianças. Toda
uma pedagogia e psicologia infantil se desenvolveram a partir desta modificação
ocorrida na educação. Toda uma nova atitude social começou a se desenvolver em
relação à infância. Não faltaram “especialistas” nesses assuntos, inaugurando
uma nova ética que assegurasse a insurgência dos novos valores.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Hoje
a criança assumiu um papel inverso no seio da família. Jurandir Freire Costa,
em seu conhecido livro <i>“Ordem Médica e Norma Familiar”,</i> abordou o tema
do ponto de vista da constituição familiar brasileira desde a época do
colonialismo até os dias atuais. No momento em que o núcleo familiar
deslocou-se do regime patriarcal para a criança, criaram-se vínculos de
proteção do adulto em relação a ela, que a tornaram dependente. Apesar de
parecer contraditório, essa dependência, que se processa em todos os níveis –
econômico, moral, emocional, etc. – está intimamente ligada ao fato da criança
ter se deslocado do papel secundário em que permanecia até o século XIX para o
ponto central das atenções.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Essa
dependência e essa pseudoproteção, que tem se desenvolvido em torno da
criança, remetem ao mesmo aspecto de uma só questão: a dominação da criança,
pelo adulto, enquanto identificada como “ser em formação”. Uma dominação de
base social, que se inscreve no interior de um discurso utilizado pela família
e pela escola, e que tem a sua origem no controle que os “especialistas”
procuram exercer sobre o universo infantil.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">A
educação passou, nesse sentido, por muitas etapas. Da repressão, aos modelos
mais modernos de controle, chegamos ao momento em que a criança se tornou
responsável pelos seus próprios atos, já que agora havia toda uma técnica de
persuasão através do diálogo. A criança passou a ser chamada para dialogar com
seus mestres e pais, num patamar de argumentação voltado para a lógica dos
tempos modernos. A formação da criança começou a ser canalizada para um
discurso de dominação, que se estende até hoje, pois se observarmos bem, ora
lhe caçam a palavra e ela se vê alijada do meio adulto, ora a aceitam e a
aprovam se o seu comportamento estiver de acordo com a definição de “infância”,
de acordo com o tipo de criança que elegeram como modelo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nesse sentido, a história da criança
se realiza plenamente quando chega a produzir-se como o “eterno infantil”. Sua
função é, em primeiro lugar, a de uma orientação didática que possibilite<i> “a
confirmação daqueles valores morais decisivos para a educação burguesa, assim
como a transmissão de conhecimentos (científicos, técnicos, históricos,
organizacionais) necessários à preparação da atuação social do adolescente.”(</i>COSTA,
1979, p. 15)<i> (1)</i><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Essa
nova classe social – a burguesia – dispõe também, a partir do século XVIII, de recursos
políticos que abrem novas possibilidades de manipulação. A queda da monarquia,
o advento da república, a própria democracia ocidental, a medicina higienista –
que diminuiu drasticamente a mortalidade infantil - tudo isso leva agora a uma
nova atitude diante das leis e da moralidade. O discurso “liberal” se inscreve
entabulando – inclusive com a criança - um diálogo monologal, em que só a voz
da nova ordem se expressa. Todos querem compreender, participar das novas idéias,
dos ideais dessa nova classe social. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
partir daí, constrói-se também uma literatura própria, especializada, que
pretende dar conta dos anseios desta nova criança fabricada e reproduzida nos
livros, nas revistas em quadrinhos, nos brinquedos, nos jogos, no cinema, na
televisão, nos discos, nas roupas, num universo específico criado
exclusivamente para ela, e que compõe toda uma indústria do infantil.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Portanto, é a criança burguesa, treinada
para entender o discurso e os argumentos dessa nova lógica, que irá se impor
como modelo para as crianças de outras classes sociais. O aparato familiar, e
também o escolar, atuarão e reagirão de acordo com esse modelo, imposto e
arbitrado, associando-se assim a infância com esta criança universal, para a qual
estão voltadas as esperanças da sociedade moderna.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Portanto,
nas oito séries do 1<sup>o</sup> grau, tanto nas escolas particulares quanto
nas públicas, o currículo unificado parte desse princípio básico, determinando
que todas as crianças, de todas as classes sociais, têm as mesmas experiências
de vida e as mesmas necessidades – mesmo que haja um apontamento para se
guardar as diferenças regionais. O currículo, em geral, determina, além das
cadeiras obrigatórias, a inserção de outras atividades comuns a todos. O tratamento
pedagógico dispensado tanto numa escola quanto na outra, conservada as mínimas
diferenças didáticas, são semelhantes. Se antes assistíamos a uma escola de
base explicitamente autoritária, hoje podemos perceber que esse autoritarismo
escancarado, mascarou-se. O diálogo monologal, a que nos referimos
anteriormente, é legitimado pela pedagogia e a psicologia moderna, com
brilhantismo. Um novo estatuto, este também autoritário, baseado no slogan da
“liberdade com responsabilidade”, introduz a autocensura, ameaçando cada aluno
- crianças e adolescentes – com as armas que o próprio sistema disponibilizou
para elas. A base do autoritarismo é a mesma, no entanto mais sofisticado, mais
apurado e menos condescendente. A criança, na escola, seja ela de que classe
social for, tenha ela necessidades distintas ou não, terá que se ajustar e se acomodar
ao que lhe é <u>dado</u>, sem nenhuma possibilidade de comparação – sem a
possibilidade de se espelhar em outros modelos - já que não lhe são oferecidas
outras alternativas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Enquanto
o menino de classe média encontra, na família, o seu correspondente escolar, os
das classes menos privilegiadas estão longe de ter algum tipo de modelo
familiar parecido com aquele que a escola pretende para eles. Se antes, o filho
de um operário de formação pequeno burguesa, procurava alcançar o modelo
proposto, hoje – com um grande contingente de menores abandonados e de famílias
dilaceradas pelos novos hábitos sociais dos grandes centros – não têm nem mesmo
motivação para galgar um lugar social mais elevado. Na tentativa de minorar
essas dificuldades, as escolas públicas e particulares da periferia e dos
grandes centros urbanos oscilam entre o autoritarismo à antiga, quando os
valores morais eram preservados ao máximo, e as novas concepções de liberdade
impostas pelas teorias atuais. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">A
família aí se constituirá também a partir das contradições que há muito perturbam
as classes mais abastadas, abalando já os papéis sociais desempenhados pela
mulher e pelo homem, de forma definitiva. O homem, provedor das necessidades
econômicas, e a mulher, sustentáculo da unidade familiar, praticamente não
existem mais. Hoje a mulher ocupa um lugar de maior importância no mercado de
trabalho, atribuindo a si mesmo funções que antes eram exclusivamente
masculinas. Já o grande contingente de crianças provindas de morros, favelas ou
de locais semelhantes, geralmente filhos de subempregados, profissionais
desqualificados, biscateiros, empregadas domésticas, colonos e operários de uma
indústria de exploração máxima - como a indústria da construção civil, por
exemplo - representam a maior parte da população brasileira, e dispõem de
elementos de sobrevivência adquiridos em sua prática diária. Filhos de famílias
numerosas, tendo que disputar, ainda no berço, o pedaço de pão repartido por
vários irmãos, esse menor carente, dilacerado naquilo que costumamos chamar de <u>seio
familiar,</u> deverá encontrar sozinho resposta às suas primeiras impressões de
vida. Na escola, ele deverá se ajustar a um universo distante, impossível, que
lhe é proposto todos os dias. Deverá mastigar dia-a-dia os números de uma matemática
insossa ou as palavras de um português que desconhece. Órfãs de pai e mãe, já
que ambos se lançam desesperadamente no mercado de trabalho em busca de
escassas conquistas, essas crianças são formadas na própria vida comunitária.
No caso urbano especificamente, comunidades aculturadas que nada ou quase nada
podem oferecer. A escola passa a ser o provedor alimentar, onde essas crianças
têm pelo menos a oportunidade de faturar um prato de comida. Quando ao ensino,
este não lhes foi destinado. Falam para outras crianças, que não elas. O que
lhe é dado na escola não é seu. O seu, ela precisou conquistar, o da escola não
lhe vale, muitas vezes atrapalha, confunde, desorienta e lhe escapa, como lhe
escapa esse infantil que os pedagogos procuram avidamente resgatar. Em todos os
casos, a criança tem sido seu próprio mentor. Deverá estar subjugada aos
critérios de qualidade determinados pela ideologia dominante. Sua autopunição virá
de sua maior ou menor inserção e adaptação ao modelo proposto. Quanto mais ela
se aproximar deste modelo de criança fabricada, mais ela será aceita pela
sociedade. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: 12pt;">Com
o desenvolvimento tecnológico e a necessidade cada vez mais premente de
dotar-se um número maior de pessoas de elementos necessários à sua rápida
capacitação profissional, nivelou-se o sistema de ensino. Apesar do
ressentimento nacional, já que praticamente todos os segmentos da sociedade
foram prejudicados nesse “nivelamento por baixo”, esta situação permanece
estável de certa forma, já que os <u>bem nascidos</u> realmente dispõem de
outros canais que complementam satisfatoriamente sua formação. Os filhos de
classe média em geral se aprimoram em cursos de idiomas, em academias
esportivas, etc. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">Portanto, falar em criança ou em literatura infantil é
falar apenas de um determinado tipo de criança, produzida pela ideologia
dominante e reproduzida pelos seus representantes: a família, a escola, a
comunidade, e os vários aparelhos culturais da sociedade expressos na indústria
do infantil. Nesse sentido, podemos afirmar que a própria reprodução da criança
burguesa em todos os níveis da sociedade, e inclusive no interior da própria
burguesia, parece contar com a colaboração intermitente da chamada literatura
infantil.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">Para que criança, então, escrevemos? Em primeiro lugar
para as alfabetizadas, aquelas que já foram introduzidas no universo mental da
imaginação abstrata. A partir daí, pode-se trabalhar ou não o hábito de
leitura. Se a família tem o hábito de ler, certamente a criança terá. Se não
tiver o hábito de ler, mas de assistir tv, certamente ela também assistirá. Se
a família não tiver um nível intelectual mínimo, que possa sair das conversas
meramente prosaicas - como as que normalmente ocupam a maior parte das
conversas familiares - aumentam mais ainda as probabilidades. Se além de ter um
nível intelectual mínimo, se nessa família se conversa sobre arte, economia,
política, cultura, esportes, sexo, relações afetivas, etc., aumentam mais ainda
as possibilidades. Nesse sentido, cabem as famílias de classe média, a
continuidade e a preservação cultural que herdamos, onde a informação extrapola
aquilo que é veiculado apenas pelos meios de comunicação de massa. Mas nem
mesmo no interior das famílias mais abastadas há um intercâmbio cultural
efetivo, já que com a reforma de ensino o nivelamento provocou um
empobrecimento cultural deplorável. Portanto, sobra realmente um grupo muito
seleto de artistas, intelectuais e alguns outros poucos que desenvolveram – inclusive
através do hábito de leitura<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>– o seu
universo pessoal. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoBodyText2" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">No caso da escola, a situação é semelhante. Se a
escola pretende seguir o que está determinado no currículo escolar definido
pelo MEC é uma história bem diferente da intenção de estimular, com o mínimo de
interferência, o que cada aluno tem de melhor, privilegiando a diferença. A
educação não é apenas passagem de conhecimento, é apuro dos sentidos,
sofisticação do ser, cultivo da alma. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
educação é quase individual, é uma atenção especial que o professor deve
dedicar a cada um dos seus alunos, promovendo neles a sua própria descoberta. Mas
são poucas – ou quase nenhuma – as escolas que realmente colocam como ponto de
destaque o respeito pela diferença. Por isso utilizam um ensino pasteurizado, tornando
todos – crianças e adolescentes- <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>iguais
e incompetentes para a idade adulta. Uma grande massa amorfa, sem critério, sem
atitude, sem escolha, sem pensamento próprio, sem discernimento, sem qualidade
interna de vida é despejada na sociedade por escolas que se dizem de vanguarda,
muitas vezes. Na verdade, essas escolas não estão sequer equipadas para a
formação mínima exigida pela reforma de ensino, quanto mais para a formação de
uma massa crítica. </span><span style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A grande
transformação ocorrida a partir da geração dos anos 70 certamente saiu de
escolas que decididamente ensinavam o aluno a ter pensamento próprio. Pelas próprias
condições planetárias, essa geração cresceu nos albores de um pós-guerra,
quando então a humanidade havia descoberto o seu pior. Maio de 68 ficou marcado
como o momento em que o mundo precisou tomar fôlego e discutir abertamente
questões que antes ficavam relegadas aos pensamentos proibidos. As escolas
públicas – quem não se lembra do Instituto de Educação e do Colégio Pedro II, no
Rio – cumpriam um papel emancipador das mentes das crianças e dos adolescentes,
influenciando aí sim na formação de novos leitores. As escolas particulares
eram poucas, e a maior parte pertencia à igreja católica, que apesar de ser
demasiadamente rigorosa ainda, tinha em seu quadro docente uma quantidade
expressiva de excelentes intelectuais.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Respirava-se
cultura importada da Europa basicamente. Mas um tipo de cultura que cumpriu
durante um bom tempo a função de introduzir nas mentes questionamentos,
crítica, avaliação e transformação – que resultou numa revolução dos costumes,
da família, da mulher e das chamadas minorias oprimidas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">No final do século XX, a educação se deteriorou.
Estamos vivendo o resultado da aculturação, da repressão, da liquidação do que
tínhamos de melhor – a formação dessa massa crítica que nos custou tão caro. Claro
que a ditadura militar tem o seu quinhão de responsabilidade no atual cenário
cultural, mas também e principalmente a aculturação da classe média, promovida
pelas escolas de primeiro e segundo graus, acrescida da inexistência de valores
familiares – sejam eles quais forem – complicaram ainda mais a situação. A
questão política e econômica também tem sido decisiva. O atual modelo econômico
do neoliberalismo tem cultivado frutos amargos que estamos já colhendo
praticamente no mundo inteiro. Portanto, se queremos falar na formação de novos
leitores, devemos levar em consideração a especificidade atual da aculturação
em nosso país e a inexistência de uma massa crítica nos vários segmentos da
nossa sociedade. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">A educação agoniza. Os recursos humanistas que
tínhamos ao nosso dispor foram relegados à prateleira do arquivo morto da nossa
memória. Pensar filosoficamente, ou seja, pensar na nossa condição humana, na
necessidade que temos de buscar elementos para o nosso desenvolvimento
individual, são questões que esbarram hoje numa competência funcional inadequada.
O mercado de trabalho suprimiu – definitivamente – questões que sempre
conduziram a humanidade para o interior de si mesma. Pensar filosoficamente é
algo que nos oprime hoje, enquanto sabemos que civilizações inteiras alcançaram
altos patamares de desenvolvimento social tendo por objetivo a compreensão
básica da existência no aqui e agora. Se a educação não se volta para a
introdução do ensino da filosofia, do ensino poético, do ensino emancipatório,
sobra apenas um punhado de escravos mecanizados pelo cotidiano de uma sociedade
incapaz de refletir sobre si mesma.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">Por isso, respondendo rapidamente às questões
colocadas pelos pós-modernos, seria interessante sim que retomássemos, pelos
menos naquilo que se mostrou emancipatório, a herança do Iluminismo,
introduzindo as conquistas primordiais dos séculos subsequentes. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">Portanto, se escrevemos para crianças e adolescentes
de classe média, já que os menos favorecidos ainda precisam se fixar na sua
própria sobrevivência física, que tipo de literatura oferecemos? Por outro
lado, se essas crianças de classe média também estão aculturadas, estão
condicionadas a um pensamento amorfo e destituído de uma visão crítica, escrevemos
pra quê? Afinal, quem está apto a ler?<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<b><span style="font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-65294362240794162152013-08-22T16:59:00.001-03:002020-07-29T12:24:59.671-03:00Sigismundo do Mundo Amarelo - livro registro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPEJ6HtdYpPGbfO98RjsI0ixKqwi1-UxIg-EX4XXsJQjNxt1tXFCvSF9KJloOKJl29Rhyphenhyphenlaq5Avyyite8zXYdtabDv70UkWYJU3dbgyVwEyCz9eURggD5wBO4PDlYd_m-JMpS5ylP1fAk/s1600/Scan002.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPEJ6HtdYpPGbfO98RjsI0ixKqwi1-UxIg-EX4XXsJQjNxt1tXFCvSF9KJloOKJl29Rhyphenhyphenlaq5Avyyite8zXYdtabDv70UkWYJU3dbgyVwEyCz9eURggD5wBO4PDlYd_m-JMpS5ylP1fAk/s640/Scan002.jpg" width="436" /> </a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
É sempre bom saber de onde viemos, do nosso passado, daquilo que nos constrói como ser humano hoje. E esse livro vai ajudar o leitor a se situar melhor. Se em 1986, quando escrevi o prefácio à oitava edição os pais teriam sido aqueles que haviam vivido essa época, hoje são os avós que ainda podem dar depoimento desse movimento único que começou na década de 60 e fincou seu pé na década de 70 com tal presença que o mundo mudou. E foi daí que nasceu esse novo jeito de ser que você usufrui hoje – a liberdade, a ousadia, um ser aberto a novas ideias, a proteção aos direitos humanos, o direito de ser diferente da maioria, a diversidade cultural, o desenvolvimento sustentável, enfim, tudo aquilo que não havia antes e que hoje parece natural. O respeito à mulher, o respeito às opções individuais, sejam elas sexuais, afetivas ou existenciais, a determinação de tornar o mundo um lugar prazeroso e não lugar com disputas, guerras e discriminações. <br />Este livro, apesar de ficcional, registrou a história de alguns personagens como representantes de todo um movimento social. Isso repercute até hoje na sociedade de um modo geral, e mais ainda em sociedades alternativas, que são autogovernadas e autos-sustentadas, como a cidade de Christiania, no meio de Copenhage, na Dinamarca. No Estado do Rio de Janeiro, podemos apontar Visconde de Mauá como um dos redutos alternativos, mesmo que não seja autogovernada e autossustentada como Christiania. Por isso, acredito que o leitor ao ler esse livro estará tomando contato com as suas vitórias, já que o movimento do qual ele surgiu permanece e se desenvolveu como uma nova forma de apostar no planeta como a nossa casa e o lugar onde passaremos uma estadia cada dia mais agradável.<br /><br /> </div>
<br />Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-64294873714666804022013-08-22T16:39:00.004-03:002020-07-29T12:26:26.541-03:00O Outro Lado do Tabuleiro - livro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsoXTpLdEKQ1u1t57CNmqWbqOX4OidZ6gKU7KUj3GY0aj2V7XFlLXOlDnrsXTKYjEunW_Sp_B_pT3-M5Gfiv7VUxG3OJ6477MDTJ1aumYBOxldfuZYjveOEna1oLuGGYqXp-88p4f4R_I/s1600/TABULEIRO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsoXTpLdEKQ1u1t57CNmqWbqOX4OidZ6gKU7KUj3GY0aj2V7XFlLXOlDnrsXTKYjEunW_Sp_B_pT3-M5Gfiv7VUxG3OJ6477MDTJ1aumYBOxldfuZYjveOEna1oLuGGYqXp-88p4f4R_I/s640/TABULEIRO.jpg" width="419" /></a></div>
<br />
No entanto, o texto está atualíssimo, a humanidade continuou dando voltas em torno das mesmas questões daquela época e que, portanto, nada havia a reescrever ou eliminar mantém o mesmo frescor dos primeiros tempos de seu lançamento, o que me causa muita alegria por um lado e tristeza por outro. Alegria por ter criado algo que permanece apesar do tempo transcorrido e tristeza por ter percebido que as mesmas velhas questões estão ainda na pauta do dia com a pujança de antes. <br />De qualquer forma, este texto continua ainda nas cabeceiras dos meus leitores com a mesma força e intensidade com que influenciou as gerações anteriores que passaram por ele. Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-88522883847229093182013-08-22T15:36:00.003-03:002020-07-29T12:26:59.332-03:00A Fada Desencantada - livro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHFOoHWBYxf9Q_zqU2J0xv5sQIWQOzkGk92Ap0cwG_OAFbJ3XgEms7PcS3LZrCGFwDUpfRnWI5TF8GlhtWm5e60awO8UWKMP6S5HFbKSaNYq-qCHz1qRWkcJ5bS1-n4P4UWnyONLoR7n8/s1600/capa+fada++DESENCANTADA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHFOoHWBYxf9Q_zqU2J0xv5sQIWQOzkGk92Ap0cwG_OAFbJ3XgEms7PcS3LZrCGFwDUpfRnWI5TF8GlhtWm5e60awO8UWKMP6S5HFbKSaNYq-qCHz1qRWkcJ5bS1-n4P4UWnyONLoR7n8/s640/capa+fada++DESENCANTADA.jpg" width="422" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Este texto pode ser lido como livro, pela Editora José Olympio e como peça teatral no livro "Três peças teatrais para crianças e jovens" em forma de e-book pela F Digital.</span></div>
Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-15358622948322509232013-08-22T14:55:00.003-03:002020-07-29T12:27:32.873-03:00Curso de Tarot - livro de Iniciação ao Tarot<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiadl9eUrzNOSsMSR3wLPu2-YPssevgyhrqF9owbjsWWJMajm95TqcsZ3ohQfuYBGGj2SotZDCcq4TOcgxVokU-g1scgVE3qwxEKbVfQvVE7-RKoj2wf45hP8Pj9-nnwIHcEizC9UwLGC0/s1600/capacerta.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiadl9eUrzNOSsMSR3wLPu2-YPssevgyhrqF9owbjsWWJMajm95TqcsZ3ohQfuYBGGj2SotZDCcq4TOcgxVokU-g1scgVE3qwxEKbVfQvVE7-RKoj2wf45hP8Pj9-nnwIHcEizC9UwLGC0/s640/capacerta.jpg" width="425" /></a></div>
Este livro tem a intenção única de ensinar Tarot. Através de uma linguagem simples, direta e objetiva, a Autora conseguiu organizar com clareza o aparente intrincado jogo das cartas, tantas vezes estudado e tantas vezes pouco compreendido. Muitos são os livros de Tarot, mas quase nenhum pretende iniciar o leitor, de maneira didática, na prática efetiva e no manuseio das cartas. O livro é um curso de Tarot que ensina a compreensão dos arquétipos dos Arcanos Maiores, essas 22 cartas de enorme valor simbólico, que nos desnudam a alma e nos revelam o nosso percurso interno pelos caminhos que trilhamos.<br />A Autora atinge seu objetivo para além da expectativa, trajando os arquétipos em vários momentos do livro com roupagens tipicamente brasileiras. O produto final é uma síntese bem elaborada entre o Velho Mundo – ou o mundo que herdamos – e o Novo Mundo, este nosso lar, cheio de sol e magia, que reinventamos a cada dia através das cartas do Tarot.Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-71403744070573130492013-08-22T14:48:00.005-03:002020-07-29T12:28:10.758-03:00Os Florais do Dr. Bach e o Eneagrama - livro publicado no Brasil, Alemanha e Espanha<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuf7llM5VaOlQ5-9hlCWYtpaDUZFjo_stIBM_T9-X3ewD2DkqqQGvnR8FFvjWvgLCAcv9DsHhksiW-BKpJefSIeIXt7H9S54aH6gQKpreTop0DQ5FoL3y8TLNRCLJRJjSlOQJ7x89-Da8/s1600/CapaFloraisFinal01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuf7llM5VaOlQ5-9hlCWYtpaDUZFjo_stIBM_T9-X3ewD2DkqqQGvnR8FFvjWvgLCAcv9DsHhksiW-BKpJefSIeIXt7H9S54aH6gQKpreTop0DQ5FoL3y8TLNRCLJRJjSlOQJ7x89-Da8/s640/CapaFloraisFinal01.jpg" width="426" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
Os Florais do Dr. Bach e o Eneagrama<br /><br />Eliane Ganem<br /><br /> Este livro foi lançado na Eco 92, no Rio de Janeiro, e agora, muitos anos depois, ele continua atual e ajudando milhares de pessoas pelo mundo inteiro. Foi publicado no Brasil, na Alemanha e na Espanha, com bastante sucesso, criando a oportunidade de transformação para todos os que o leram. Agora está sendo comercializado em e-book, pela FDigital da Inglaterra, em espanhol e português.<br />Originário do Afeganistão há cerca de dois mil anos, O Eneagrama tem sido utilizado pelos mestres sufis como trabalho iniciático de seus discípulos. É um trabalho que envolve o estudo de cada personalidade, podendo nos revelar aquilo que mais tememos em nós mesmos. <br />Todos nós desenvolvemos mecanismos de defesa poderosos, muitas vezes necessários à nossa sobrevivência no mundo. No Eneagrama, esses mecanismos de defesa são chamados de “compulsão”. Ou seja, aquele tipo de comportamento e de sentimento tão bem arraigados em nosso ser que, confundidos com a nossa identidade, nos fazem agir e pensar sempre da mesma maneira. Descobrir a nossa compulsão é descobrir a nossa liberdade.<br />Os Florais do Dr. Bach também trabalham a nossa “compulsão”. Portanto, juntar os Florais ao Eneagrama é reforçar nossa intenção de nos libertarmos, utilizando recursos que facilitam a nossa transformação. </div>
Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-62236906582614841832013-08-22T14:30:00.006-03:002020-07-29T12:28:44.501-03:00Batom Lilás - livro de contos para adultos sensíveis<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR_mhUDvjn5TLbpT394dr3CKqH2LWCWTVlIpPdcC8E9TT3NZFgHD51OhfJe6IWIFiE4AExH6vazjl6FNGdWPdJ_YVey4Ys1iKQs2GgpKYGbF_fLmmn6mSLFl-wTLZF05FxZ-02LQH5nV8/s1600/capa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR_mhUDvjn5TLbpT394dr3CKqH2LWCWTVlIpPdcC8E9TT3NZFgHD51OhfJe6IWIFiE4AExH6vazjl6FNGdWPdJ_YVey4Ys1iKQs2GgpKYGbF_fLmmn6mSLFl-wTLZF05FxZ-02LQH5nV8/s640/capa.jpg" width="426" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
Batom Lilás é uma coletânea de contos e crônicas, voltados para todos os<br />públicos mesmo que - na sua maioria- trate de temas atuais que povoam o universo<br />feminino. Nos contos maiores, os textos são amplos, repletos de significados,<br />consistentes e corajosos, revelando em meio à miséria de alguns personagens a<br />riqueza da construção literária. Nos contos menores, estão em pauta a paixão, o<br />sexo e a necessidade de olhar o mundo pelos olhos do outro. Um livro para se ler<br />na intimidade, naqueles secretos estados da alma que procuram sofregamente a<br />revelação de que esses sentimentos mundanos fazem parte do nosso imaginário.<br />Neste livro, as palavras são sussurradas ao pé do ouvido, quase um orgasmo<br />intimista, cujos sentimentos jorram com a mesma facilidade da escrita ágil.<br />Inegavelmente, aqui está presente o texto de uma escritora que conhece os<br />meandros da alma e os meandros literários que nos prendem e nos absorvem.</div>
Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-52211226579942964762013-08-22T14:24:00.001-03:002020-07-29T12:29:11.915-03:00A Espera - A História de Ipanema <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1PBmajB4rI8rJ0OgYdt_11oAGsQGUrSsxmibnp2RGWxtF5i8nX7VCKx1FCx1c3r95hFnenPSveS1slvz7zppaKx1HNyW1Jui5VWQxB4MfUkaoEiAfdj3CRJDhRULKgdFr1J6mT-STuCg/s1600/capa+espera.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1PBmajB4rI8rJ0OgYdt_11oAGsQGUrSsxmibnp2RGWxtF5i8nX7VCKx1FCx1c3r95hFnenPSveS1slvz7zppaKx1HNyW1Jui5VWQxB4MfUkaoEiAfdj3CRJDhRULKgdFr1J6mT-STuCg/s640/capa+espera.jpg" width="425" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
: "A ESPERA"<br /><br />A história de Ipanema se mistura à história da cidade do Rio de Janeiro, por<br />isso este livro, ao narrar a história do bairro, suas transformações no correr dos<br />anos, narra também a transformação pela qual a cidade maravilhosa passou e<br />como ela se tornou diferente desde o início até o final do século passado.<br />Livro de ficção, destinado aos jovens de todas as idades, a narrativa é<br />pontilhada por fatos históricos sobre o bairro que ficou famoso mundialmente por<br />causa das músicas de Tom e Vinícius, mas também pela sua irreverência, pelos<br />seus moradores, pela beleza de suas praias, pela sua história social e política.<br />A Autora, jornalista que registrou uma parte da história do bairro, nos presenteia<br />com uma narrativa que - mesmo ficcional- nos remete a uma época próxima e<br />extremamente importante para o resgate da nossa identidade e da nossa memória.<br />Jornalismo e literatura aí se mesclam trazendo para o jovem leitor a possibilidade<br />de filtrar sua leitura pela ótica da realidade e dos fatos.</div>
Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-6443754176349024352013-08-22T13:48:00.003-03:002020-07-29T12:30:21.268-03:00Ecos - livro onde o nonsense predomina<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkwZf6rQWgtJ7JKckzOdcF1TlKWxKaJUE1trSE9hnk6tDM3eLSp4U-k16ZHlz7Ory9VzNTulyggAsDDet2dqfLCGnzEpZZKUy67G8VBZ_fTshGlA7imna2ne-VLR7x_r_gCccE317a-iE/s1600/capa+ecos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkwZf6rQWgtJ7JKckzOdcF1TlKWxKaJUE1trSE9hnk6tDM3eLSp4U-k16ZHlz7Ory9VzNTulyggAsDDet2dqfLCGnzEpZZKUy67G8VBZ_fTshGlA7imna2ne-VLR7x_r_gCccE317a-iE/s640/capa+ecos.jpg" width="460" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
Ecos é surpreendente. De um romance entre Ana e Roberto Carlos surge o<br />inesperado e toda a trama se desdobra num suspense de tirar o fôlego. O livro se<br />revela como um enigma muito bem explorado, convincente, impressionante.<br />Dificilmente encontramos um texto que vai além daquilo que esperamos dele,<br />ou seja, vai além dos significados corriqueiros, das prosas encadeadas com início,<br />meio e fim. Neste texto de Eliane Ganem, o início pode não ser o início, assim como<br />o fim também pode não ser o que esperamos que seja. Mas o que mais nos prende<br />nele é o entremeado de situações suspensas na trama, que a nossa mente identifica<br />como algo que será esclarecido adiante. Mas até o último momento, nada é revelado,<br />os personagens desaparecem ou enlouquecem. Não sabemos. Pode ser apenas<br />uma série de alucinações do personagem principal, ou pode ser que a narrativa<br />tenha vida própria, já que em alguns momentos ela assume a primeira pessoa.<br />O certo é que o texto, muito bem escrito, vai nos enredando em uma forma<br />muito própria de contar, deixando o leitor totalmente envolvido pela magia de uma<br />boa leitura e pelo inusitado da trama.<br />Voltado para jovens leitores acima de 10 anos sem limite de idade.</div>
Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-57796491787232265382013-08-22T13:40:00.002-03:002020-07-29T12:31:17.429-03:00Faustino, um Fausto Nordestino - peça teatral em cordel <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-9130691232356137312013-08-22T13:30:00.002-03:002020-07-29T12:31:54.438-03:00A Coroa do Presidente - livro para jovens (sátira ao Brasil)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<div style="text-align: center;">
A Coroa do Presidente é um livro inédito que Eliane Ganem acaba de lançar,<br />mostrando assim que está apostando no formato e-book como uma forma mais<br />democrática e mais acessível de distribuição de livros. A Coroa do Presidente é<br />uma história hilária, uma sátira aos governos que se instalaram nos últimos anos<br />nos países latino-americanos, inclusive o Brasil. No país de Bragunça, o povo cansado<br />da monarquia, se insurge para fazer uma revolução republicana.<br />Leitura indispensável para crianças e jovens de todas as idades, já que os<br />questionamentos que o texto levanta levam o jovem leitor a entender melhor a<br />manipulação política nos chamados países em desenvolvimento.<br />Eliane Ganem é uma escritora muito premiada, conhecida no Brasil e internacionalmente<br />pelo conteúdo social e político que sempre entremeiam a sua obra</div>
Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-37465695625880513622013-08-22T13:08:00.002-03:002020-07-29T12:32:55.602-03:00Clique - livro para jovens <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-81642231820983099392013-08-22T12:49:00.002-03:002020-07-29T12:33:34.218-03:00A Poética e a Produção do Infantil - artigo<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: center; text-autospace: ideograph-numeric ideograph-other;">
<b><span style="color: black; font-size: 14.0pt;">A POÉTICA E A PRODUÇÃO DO INFANTIL</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-autospace: ideograph-numeric ideograph-other;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-autospace: ideograph-numeric ideograph-other;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-autospace: ideograph-numeric ideograph-other;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-autospace: ideograph-numeric ideograph-other; text-indent: 1.0cm;">
<b><span style="color: black; font-size: 12.0pt;">Profa. Dra. Eliane Ganem</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-autospace: ideograph-numeric ideograph-other; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt;">Eliane Ganem é Doutora em
Comunicação Social pela USP, Mestre em Comunicação Social pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro e graduada em jornalismo pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Fez parte do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Arte
(UFF). Além disso, tem 30 livros publicados no Brasil e seis no exterior, sendo
quinze de literatura infanto-juvenil. Recebeu quinze prêmios literários, dentre
eles dois da Academia Brasileira de Letras, constando definitivamente do
Catálogo da Feira de Frankfurt entre os principais escritores do Brasil no
gênero de livros para crianças e jovens.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
<i><span style="font-size: 12.0pt;">http:\\www.elianeganem.com</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
<i><span style="font-size: 12.0pt;">e-mail:elianeganem@elianeganem.com</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div align="left" class="MsoHeading7" style="line-height: normal; text-align: left; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
<b><i><span style="font-size: 12.0pt;">Resumo</span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; text-align: left; text-indent: 1.0cm;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">A produção da criança como fato histórico ocorrido no
final do século XVII, teve como detonador a transformação ocorrida pela
revolução industrial e pelo surgimento de uma nova classe social - a burguesia.
A partir daí, um novo conceito de infância se desenvolveu, tomando como modelo
a criança burguesa. A formação de novos leitores esbarra com as necessidades
dessa mesma classe social. A literatura infanto-juvenil cumpre um papel de
expansão além do limite social e da faixa etária. A introdução da poética e do
pensamento crítico-filosófico seria a forma mais simples para a criação do
hábito de leitura.</span></i></div>
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; text-align: left; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; text-align: left; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; text-align: left; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; text-align: left; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; text-align: left; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;">Palavras-Chaves: literatura infanto-juvenil</span></div>
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; text-align: left; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>conceito de
infância</span></div>
<div align="left" class="MsoBodyTextIndent2" style="line-height: normal; text-align: left; text-indent: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>prosaico
e poético</span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-autospace: ideograph-numeric ideograph-other; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-27155847031784015022013-08-22T09:42:00.003-03:002020-07-29T12:37:33.859-03:00O Caminho do Buscador - artigo em português<div id="crosscol-wrapper" style="text-align: center;">
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<h2>
O Caminho do Buscador</h2>
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<li><a href="http://caminodelbuscador-es.blogspot.com/" target="_new">Versión en español</a></li>
</ul>
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<div align="justify">
É quase uma incoerência falar em Caminho e
Buscador. Ambos são apenas um, mas isso só se nota na medida em que o
caminho deixa de ser algo a ser percorrido e passa a ser o próprio ser
que caminha. No princípio pensamos que trilhamos algo, como se um mapa
tivesse sido projetado à nossa frente ou por um mestre ou por uma
filosofia, ou por pura intuição. Mas no desdobrar do caminho, nas suas
reentrâncias, nas pregas e dobras, na escuridão de suas vielas, e
finalmente na intensa luz da clareza, descobrimos pouco a pouco que o
caminho se faz por dentro de um labirinto interno, nos meandros de um
oculto apenas nosso e que o nosso pequeno ego teima em manter
irrevelado. Mas é nessa tentativa, nesse ensaio e erro, nessa busca e em
nossos acertos que descobrimos com agradável surpresa que o
surpreendente estava a nosso alcance, mesmo que encoberto. Por isso, não
é demais afirmar que Eu sou o Caminho e o Caminhante, o que encontrou e
o encontrado, o que escolheu e o escolhido. Por isso, o percurso do
buscador depende do tamanho do seu interior, em geral vastíssimo.
Aqueles que demoram a alcançar a verdadeira luz, a iluminação, o estado
de êxtase, nem sempre demoram pelo seu despreparo, mas porque a sua
imensidão de alma talvez seja um enorme espaço a ser trilhado.<br />Para
encontrar o caminho que leva para dentro é necessário perceber que
muitas vezes nos perdemos nos reflexos daquilo que exteriormente
conhecemos. Por isso, o primeiro passo deste caminho é desconfiar de
tudo aquilo que nos fazem aceitar como verdadeiro, ou seja, tudo aquilo
previamente estabelecido pela sociedade, pelos pais e educadores, pelas
religiões e pelas igrejas. Não porque eles estão errados, mas porque a
verdade deles é a verdade deles e não a de cada um de nós. A verdade não
deve permanecer ao longo de nossa vida apenas como uma mentira
compartilhada por grupos que ao reforçá-las constantemente acabam por
criar uma “verdade” aceita por todos. Portanto, o caminho do buscador é
inicialmente um ato de coragem para romper com o estabelecido,
alimentado por um sentimento de insatisfação e de descrença por aquilo
que tem sido passado de geração a geração como a nossa única
possibilidade. O caminho do buscador é um ato de amor por si mesmo,
porque é fundamentalmente a busca pela verdade interior, que só pode ser
conhecida depois que tirarmos o véu que cobre a mentira que
compartilhamos socialmente uns com os outros.</div>
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4 comentários:
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<h2 class="title">
E-Books</h2>
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Alguns dos livros estão sendo oferecidos em <span style="color: red;"><strong>pdf</strong></span>, dando uma rapidez e segurança na compra do livro. Basta ter o Adobe Reader, que é disponibilizado de forma gratuita.<br />
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Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1196061151942927327.post-63779268866381121222007-08-02T11:12:00.001-03:002020-07-29T12:39:15.433-03:00Amores Retraídos - crônica<div align="center">
<b><span style="font-size: 130%;">Amores Retraídos</span></b></div>
<div align="justify">
<br />Saudades do teu corpo que me envolve na madrugada, nos sonhos silenciosos e adormecidos, perdidos na ausência do teu cheiro que me acorda e me sacode pras coisas da vida. Pena que os anos que nos separam não tenham a inocência da eternidade que se agiganta sobre as nossas cabeças velhas e repletas de condicionamentos. Pena que o olhar das pessoas ignorantes avance em nossa direção com o dedo enfiado em nosso coração adolescente, efeito do abismo dos anos que nos distanciam. Metade do meu eu adolescente te ama e se despedaça como o enfeite do bolo dos casamentos desfeitos, e a outra metade parte em esquecimento, cansada e desbotada, longe da possibilidade de te ter menino em minha cama para sempre. E por um ato de desvario da minha parte insana, te quero como a melodia que me acalentava os primeiros anos, te quero como a tempestade anseia o grito amoroso dos raios, como a flor espera ser beijada até à dor pelo bico dos pássaros, pela língua áspera das borboletas que pousam aqui e ali, saltitantes de curiosidade. Uma vida nos separa, alguns filhos da tua idade, alguns amantes que tive, alguns casamentos bem sucedidos, algumas atitudes coerentes, algum zelo pelos desvalidos, algumas infinitas esperas pelo ser amado, algumas frustrações, inúmeras alegrias, alguns versos vertidos ao vento, algumas melodias que marcaram toda a minha vida. Nos separam as noites sem dormir da minha solidão agora quase esquecida, o som do vento batendo em minha janela nas madrugadas frias quando nem o edredom esquenta, os muitos livros que li, os sonhos que escrevi, os momentos em que pari crianças que saíram do meu ventre. Nos separa ainda a intimidade dos mais velhos com a vida, um estar à vontade num canto miúdo em que os desejos desesperados estão guardados no fundo de um baú repleto de um passado esquecido. Nos separam também a ausência de expectativa, a falta da busca desenfreada, os interesses, os amigos, os olhares que nos criticam, as dúvidas, os prejuízos de uma relação destemida, o calor das suas<br />cobranças ingênuas, o sentimento de perda que sempre me acompanha quando meninas da tua idade te devoram quando você passa. Nos separam ainda a tua mochila nas costas, os livros que você lê pra faculdade, os trabalhos em grupo que preenchem a sua casa, o riso disfarçado dos colegas quando miram em seus olhos a nossa insegurança, o nosso ar insolente, o nosso medo convencido, o nosso “gosto e daí”, o nariz empinado, os nossos traços marcados pelas noites mal dormidas de um amor exagerado, a nossa paixão que não passa, o terror da perda pelos dois lados. Não sei se posso amar assim, sentindo que o ar que respiro tem a sua essência escondida e é ela que me mantém mais viva, mais viçosa, como a rosa já madura reage bem à aspirina. E me levanto reconstituída todos os dias, a energia do teu corpo carregado me mantém como os raios do sol alimentam esta velha Terra, este planeta que permanece, mesmo debaixo do ataque destrutivo dos homens que a exploram. Não sei se posso amar assim tão correspondida, tão entregue ao acaso da vida, tão livre dos preconceitos da minha mente mal resolvida, tão aberta aos ataques dos inconvenientes, tão sua e tão abandonada por mim. Não sei se posso amar assim sem cobrar nada do seu comportamento, sem me abater pelo seu esquecimento de menino, pelas brincadeiras nos bares, pelas arruaças de rua, pelo seu jeito carinhoso de deitar em meu pescoço e dormir, pelo sentimento materno que sinto às vezes quando o meu colo está repleto do seu sorriso e você me olha matreiro pedindo mais conforto além daquele que deposito em seu peito, no aconchego dos nossos abraços tão íntimos.<br />Uma pena perder você pra esse mundo que te leva, pra vida que exige a sua presença fora dos espaços seguros do meu quarto agora vazio. É estranho te ver de longe me acenando, como as inúmeras vezes em que você chega e eu te espero na janela, alegre e aliviada pela tua presença que preenche a rua inteira de uma luz intensa. É estranho te ver acenando e fico pensando no dia da tua partida, mochila nas costas, sem o sorriso de sempre, no olhar uma mistura de medo e conquista, nas mãos um punhado de tempos vividos, muito amor no equilíbrio do teu corpo infinitamente repleto de mim.</div>
Eliane Ganemhttp://www.blogger.com/profile/18425111006309302583noreply@blogger.com2